Que acontece com a polícia de um país socialmente muito avançado como a Noruega, em que a taxa de crimes é uma das mais nanicas do mundo?
Enferruja, naturalmente.
O relatório sobre o caso Breivik divulgado hoje na Noruega, e repercutido intensamente em todo o mundo, sugere. O produto foi obra de meses de uma comissão independente.
Foram feitas críticas violentas à maneira como a polícia norueguesa se comportou em relação a Anders Breivik, o fanático de direita que explodiu uma bomba em Oslo para matar todo o governo e depois foi para uma ilha liquidar jovens ativistas do partido no poder por não combater adequadamente o “avanço muçulmano”. No final, Breivik matou 77 pessoas até ser detido pela polícia.
O relatório bate, particularmente, nos 35 minutos que a polícia levou para atravessar os 600 metros de água que levam à ilha. Os dois primeiros policiais que chegaram ao local da travessia não procuraram botes, e chamaram reforços. Uma divisão de elite, depois, teve que interromper o trajeto porque um bote não comportava todo mundo. Ninguém cogitou helicóptero.
Várias vidas teriam sido salvas se os policiais tivessem agido com a rapidez necessária. Como se viu posteriormente, ao primeiro sinal de que a polícia chegara, Breivik interrompeu a matança e se entregou da forma mais abjeta e covarde possível.
O preço da civilização às vezes é alto: os incumbidos de zelar pela ordem num país em que a ordem impera podem ficar, na pior hora, inoperantes, lerdos e destituídos de reflexos.
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