“Seria um desrespeito encontrar minha família em um quartel”: o que disse Lula depois da decisão de Toffoli. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 30 de janeiro de 2019 às 14:43
Manoel Caetano, advogado do Lula.Foto: Eduardo Matysiak

O advogado Manoel Caetano, que esteve com Lula no início da tarde desta quarta-feira, foi porta-voz da mensagem de Lula depois que a Justiça negou a ele um direito que não se nega a ninguém há 2000 anos, como lembrou o jurista Lenio Streck em entrevista a Paulo Henrique Arantes, do Diário do Centro do Mundo.

“O presidente não concordaria em se reunir com sua família em um quartel. Ele disse isso claramente: seria um vexame, seria um desrespeito com a família se ele fosse se encontrar com a família, num momento como esse, em um quartel”. afirmou.

Em 1980, em plena ditadura militar, quando estava preso por liderar as greves no ABC, Lula teve permissão para ir ao velório de sua mãe, dona Lindu.

Já no regime supostamente democrático, depois de ter exercido a presidência por oito anos e terminado o mandato com recorde de aprovação, o máximo que conseguiu é uma autorização tardia para se encontrar com parentes em um quartel.

“Na verdade, a decisão foi absolutamente inócua. A decisão foi proferida quando o corpo já estava baixando à sepultura, o enterro já estava acontecendo. Então, nesse sentido, a decisão não tem mesmo como ser cumprida”, disse Manoel Caetano.

Que sentido faria ir a São Paulo ver os parentes, já que ele pode receber a família nas quintas-feiras, nas dependências da Polícia Federal?

A decisão de Toffoli parece atender muito mais a um interesse dele próprio, como presidente do Supremo Tribunal Federal, para limpar a imagem do Judiciário, sem dúvida arranhada pela truculência institucional demonstrada pela juíza Carolina Lebbos e pelo desembargador Leandro Pausen, que negaram a Lula o direito de ir ao velório.

A seguir, a íntegra da rápida entrevista do advogado Manoel Caetano, concedida nas imediações da Superintendência da Polícia Federal. A gravação e a foto desta reportagem é do jornalista Eduardo Matysiak, autor de algumas das melhores fotografias das pessoas que visitam Lula (ou que tentam) como aquela de Leonardo Boff, sentado na porta da PF.

Na verdade, a decisão foi absolutamente inócua. A decisão foi proferida quando o corpo já estava baixando à sepultura, o enterro já estava acontecendo. Então, nesse sentido, a decisão não tem mesmo como ser cumprida. O presidente não concordaria em se reunir com sua família em um quartel. Ele disse isso claramente: seria um vexame, seria um desrespeito com a família se ele fosse se encontrar com.a família, num momento como esse, em um quartel.

A primeira observação é que a decisão chegou muito tardiamente, é uma decisão inviável, impossível de ser cumprida.

A segunda observação é que ela estabelece condições que jamais o presidente aceitaria, especialmente esta: ele não se submeteria a esta condição de se reunir com sua família em um quartel, em uma unidade militar.

Os familiares, ele encontra todas as quintas-feiras aqui, quando os familiares o visitam. Então, num momento como este, o lugar menos adequado para encontrar os familiares seria um quartel.

Ja esclareci ontem que ele sentiu muito a morte do irmão, um irmão muito querido, com quem ele mantinha fortes vínculos afetivos, com quem ele mantinha fortes vínculos afetivos, como mantém com os demais também. Evidentemente, ele sentiu muito a morte do irmão, e sentiu mais ainda não poder se despedir do irmão e se encontrar com a família neste momento de muita tristeza.

Enquanto Manoel Caetano falava, ouviam-se manifestações “Lula Livre”, “Lula é homem”, “Lula não é covarde”, “Lula é preso político”, que partiam de militantes que estão acampados ali desde 7 de abril do ano passado.