Silvio Almeida aciona AGU contra fake news sobre pedofilia em Marajó

Atualizado em 24 de fevereiro de 2024 às 9:42
Atual ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e a ex-chefe da pasta, Damares Alves. Foto: reprodução

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH), de Silvio Almeida, deve encaminhar um pedido para que a Advocacia-Geral da União investigue e tome providências contra as fake news disseminadas sobre a Ilha de Marajó, no estado do Pará. O pânico moral que ficou conhecido em 2018 com a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), voltou a repercutir após a participação de Aymeê Rocha em um reality show gospel.

No entanto, o assunto dominou as redes sociais na última quinta-feira (21), enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à sede da Polícia Federal para prestar depoimento para a Operação Tempus Veritatis, que investiga a trama golpista para impedir que Lula (PT) assumisse a presidência no início de 2023.

Entenda a fake news

Nessa nova onda de mentiras sobre o arquipélago paraense, vídeos compartilhados nas redes sociais geraram polêmica ao serem erroneamente associados, alimentando desinformação sobre o suposto tráfico sexual de crianças. Um deles mostra policiais retirando várias crianças de um carro, enquanto outro apresenta Damares fazendo as falsas acusações.

No entanto, o vídeo das crianças retiradas de um carro foi gravado no Uzbequistão, onde uma motorista foi flagrada transportando alunos de uma escola infantil de forma irregular. Não há relação com tráfico humano, como sugerido. A cena foi divulgada por autoridades de trânsito do país.

O flagrante da professora uzbeque foi noticiada pelo DCM em setembro de 2023. As imagens que correram pelo mundo no ano passado foram reutilizados pelos bolsonaristas para endossar o pânico moral da senadora. Influenciadores famosos como Rafa Kalimann também compartilharam as denúncias em suas redes sociais.

Já o vídeo de Damares Alves, gravado em 2022, durante uma campanha eleitoral. As acusações de tráfico sexual na Ilha do Marajó foram investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF), que não encontrou evidências que as corroborassem. Na ocasião, o MPF pediu que a bolsonarista seja multada em R$ 5 milhões pela divulgação da fake news. O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), foi mais um bolsonarista a compartilhar a fake news.

O Observatório do Marajó, uma ONG dedicada à observação de políticas públicas na ilha paraense, emitiu um alerta contra a “propaganda” que associa o local à exploração sexual de crianças. A instituição afirmou que essa leitura sobre os municípios da região está equivocada, destacando que a população local não normaliza violências contra crianças e adolescentes. A entidade ressaltou a importância de não propagar mentiras nas redes e não cair em desinformação e pânico moral.

Ambos os vídeos foram associados, sugerindo que as crianças retiradas do carro eram vítimas de tráfico, corroborando as declarações da senadora. No entanto, não há conexão entre os eventos.

Nas redes sociais, o escritor Ale Santos também deu uma breve explicação sobre o interesse de igrejas evangélicas em alimentar o assunto. Trata-se de uma ação coordenada da Zion Church, do pastor Lucas Hayashi, que levanta fundos vindos de doações para atuar na região. No entanto, se não houver pânico sobre o tema, não há destinação de verbas.

Embora o tráfico de pessoas seja uma questão séria, é importante evitar a propagação de informações falsas, pois isso pode prejudicar comunidades e indivíduos inocentes. A investigação detalhada e a verificação de fontes são essenciais para combater a desinformação.

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