Só a destruição de Bolsonaro salva a direita. Por Moisés Mendes

Atualizado em 21 de agosto de 2022 às 20:33

Publicado no Blog do Moisés Mendes

Bolsonaro tem até dia 12 de setembro para apresentar as documentações
Foto: Evaristo Sa/AFP

Bolsonaro é um Chevette rebaixado que pode bater num poste a qualquer momento, às 3h da madrugada, mesmo que aparentemente, para os caroneiros, esteja andando em linha reta.

O youtuber que o carimbou como tchutchuca do centrão foi um poste que Bolsonaro atingiu de raspão, ao subir na calçada, mas mesmo assim seguiu em frente.

Um poste dos grandes o espera nesta segunda-feira à noite na entrevista ao Jornal Nacional. Se não tangenciar bem na curva, Bolsonaro pode se esborrachar no poste de William Bonner.

Se sobreviver ao Jornal Nacional, até a eleição o sujeito enfrentará cada vez mais obstáculos que parece não ver. Mas que podem destruir o Chevette, como eram destruídos os calhambeques de circo de antigamente.

Bolsonaro não tem estrutura para aguentar duas eleições. A primeira já foi uma farsa, e não há como repeti-la como farsa requentada quatro anos depois.

A destruição política de Bolsonaro não pode ser uma ambição apenas das esquerdas. Só a pulverização de Bolsonaro salvará a direita brasileira.

Só com o fim de Bolsonaro há chance de afirmação de figuras com o perfil de centro-direita que vinham sustentando o tucanismo.

Não será uma volta ao passado de FHC, Serra e de Alckmin. Será a reabilitação de um tipo de política e de figuras que o bolsonarismo engoliu.

O ressurgimento de uma direita que o golpe de 2016 devastou permitirá que se viabilizem nomes com os perfis de Luiz Henrique Mandetta, Simone Tebet, Eduardo Leite, Rodrigo Pacheco.

Ainda há tempo de vê-los com algum protagonismo, porque têm muito tempo de política pela frente.

Bolsonaro foi um estorvo no caminho de todos eles, inclusive de Luciano Huck. Nem Tabata Amaral será mais do que é com Bolsonaro trancando o caminho.

Bolsonaro é o Chevette da direita que tem saudade do Alfa Romeo de Fernando Henrique. Esses empresários milionários, os tios do zap flagrados tramando o golpe, só existem por desamparo.

Muitos golpistas reproduzem a fala de Bolsonaro porque não têm outra saída. Por exclusão, agarraram-se ao que existe com força eleitoral anti-Lula, mesmo que cada vez mais precária.

Sim, há quem diga que o extremismo está na índole dos empresários do zap. Pode ser.

Mas eles sempre foram contidos, mesmo em 13 anos de oposição, até o agosto de 2016 que derrubou Dilma, por figuras de centro.

Um nome forte de centro no Brasil hoje só se viabilizará com a morte política de Bolsonaro.

Novos nomes de direita somente terão força e visibilidade se Bolsonaro se transformar num calhambeque imprestável e seus pedaços forem retirados da pista.

O genocida tinha uma empreitada, e não uma missão. Seu fim deve ser comemorado pelos órfãos de FHC, de Serra, Alckmin e até de Aécio.

Bolsonaro cumpriu com a tarefa de completar o serviço sujo de 2016 e do lavajatismo. Mas deu. Chegou. A democracia precisa da ressurreição da direita.