Só restou a Moro o apoio de Bolsonaro e Globo e isso não é nada, diz Glenn Greenwald

Atualizado em 23 de junho de 2019 às 11:15
Moro, quando recebeu prêmio da Globo

O texto a seguir é a sequência editada dos tuítes publicados hoje pelo jornalista Glenn Greenwald, fundador do Intercept, que está realizando a série “Vaza Jato”. Para ler os tuítes na conta do jornalista, clique aqui.

Desde antes de começar a publicar #VazaJato, sabíamos que precisaria parceiros jornalísticos para reportar este enorme arquivo. Hoje começamos nossa primeira – mas não única – parceria com a publicação pela Folha.

Antes de discutir as novas revelações na Folha, isso é a chave: como nós, a Folha investigou o arquivo e “não detectou nenhum indício de que ele possa ter sido adulterado.” Ao contrário, eles confirmaram “um forte indício da integridade do material.”

Outros jornalistas com quem estamos trabalhando também investigaram e concluíram o mesmo, e anunciarão isso. Quase ninguém – sobretudo Moro e Lava Jato – acredita que o material é alterado. É única defesa que eles têm: uma tentativa cínica de distrair e lançar dúvidas.

Esta semana, a Lava Jato atacou não só a mim e Intercept, mas também Reinaldo Azevedo, que reportou material com a Band News FM. Agora, a Folha. Outros seguirão. Suas táticas de demonização e intimidação não funcionam. Eles têm que enfrentar a substância incriminadora da reportagem.

Essas novas revelações reportados em conjunto pela Folha e Intercept provam, mais uma vez, que Moro – ao contrário de suas mentiras ao Senado – não era um juiz neutro, mas comandava a Lava Jato. Ele violou as regras éticas não às vezes, mas continuamente.

Além de comandar os mesmos procuradores que ele estava julgando, Moro até tentou comandar grupos de protesto públicos (#TontosDoMBL). De novo, ele também tentou comandar *a campanha pública*. Todo o processo judicial foi corrompido pela constante violação de Moro de seu papel.

Uma parte mais grave dessas novas revelações é a tentativa de Moro não apenas de comandar a promotoria e controlar a opinião pública, mas também de manipular o STF.

O Estadão – antes mesmo de Azevedo e Folha  começarem a reportar – disse que “quem conheceu Moro encontrou um homem abatido” porque “de julgador, passou um ser julgado.” Até mesmo o Estadão exigiu sua renúncia. Suas impropriedades são incontestáveis.

Os únicos defensores que Moro tem agora são Bolsonaro/PSL e Globo (e, se contar, seu porta-voz Antagonista). Isso não é nada. Mas muito mais reportagem está chegando, de outros grandes meios de comunicação. Suas táticas cínicas de distração, deslegitimação e intimidação já era.

Mais cedo ou mais tarde, a classe política terá de enfrentar a verdade desagradável, mas inevitável: Sérgio Moro e o processo que ele liderou, mesmo que tenha começado com boas intenções, se tornaram tão corruptos, politizados e injusto quanto aqueles que eles acusaram.