Soberania nacional foi ameaçada pelo uso ilegal de sistema israelense na Abin, avaliam agentes da PF

Atualizado em 26 de outubro de 2023 às 11:13
Fachada da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, em Brasília. Foto: reprodução

O uso do sistema israelense First Mile pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) levantou preocupações sobre a soberania nacional, de acordo com investigadores da Polícia Federal (PF) que analisaram a ferramenta usada durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi divulgada pelo colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles.

A investigação revela que a Abin teria usado o sistema de forma ilegal para monitorar jornalistas e autoridades públicas, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre 2019 e 2021, durante a gestão bolsonarista.

Além disso, o entendimento entre os investigadores da PF é que a atuação de Bolsonaro e seus aliados “ultrapassou a mera cogitação e atos preparatórios” e efetivamente “tentou” dar um golpe.

A ameaça à soberania nacional se tornou evidente porque as informações foram obtidas por meio de um sistema criado em outro país. Isso ocorreu devido à falta de proteção, supervisão e regulamentação por parte da Anatel. Os dados de geolocalização eram enviados para o sistema israelense sem qualquer filtro.

Portanto, uma parte da Abin, responsável por preservar a soberania nacional, teria inadvertidamente exposto vulnerabilidades na segurança.

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Ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem e Jair Bolsonaro. Foto: Repodução

Vale destacar que, durante seu mandato, Bolsonaro manteve uma relação próxima com o governo de Israel, de onde a agência importou o sistema. Poucos dias antes de deixar a presidência, ele teve uma reunião confidencial com o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, no Palácio do Planalto.

A PF também solicitou a lista de todas as pessoas monitoradas pelo First Mile, mas recebeu apenas números, sem os nomes correspondentes. A atitude não colaborativa da Abin frustrou os investigadores, que tiveram que se esforçar para identificar os proprietários das respectivas linhas telefônicas.

A alegada tentativa de obstruir as investigações levou a discussões na corporação sobre a prisão preventiva de mais servidores da Abin, além dos dois que já haviam sido detidos. No entanto, a liderança da PF interveio para evitar que mais servidores da agência fossem alvos da operação.

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