Sobrevivente do massacre de Pau D’Arco é executado a tiros no Pará

Atualizado em 27 de janeiro de 2021 às 18:20
Execução: em maio de 2017, 10 trabalhadores foram mortos durante ação policial. Foto: CPT

Publicado no site da Rede Brasil Atual (RBA)

Um sobrevivente do episódio que ficou conhecido como massacre do Pau D’Arco, ocorrido nesse município do Pará em 2017, foi assassinado ontem (26) à noite. A denúncia foi feita em rede social pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). Segundo a Pastoral, Fernando dos Santos Araújo foi executado com um tiro na nuca, em seu lote. “Fernando viu seu namorado morrer no massacre. Chegou a entrar no programa de proteção a testemunhas, mas decidiu encarar o risco e voltar à Santa Lúcia”, diz a CPT, referindo-se à fazenda que foi local do crime e citando frase do trabalhador: “A gente já pagou por essa terra. Com o nosso sangue”.

A chacina resultou na morte de 10 trabalhadores rurais – nove homens e uma mulher – durante ação policial na Fazenda Santa Lúcia, em 24 de maio de 2017. Policiais foram denunciados pelo Ministério Público paraense e a Justiça determinou que 16 fossem levados a júri popular, mas isso ainda não aconteceu. Testemunhas afirmam que as vítimas nem tiveram chance de defesa. Exames balísticos comprovaram que houve execução.

Prisão de advogado

No primeiro dia do ano, o advogado das vítimas José Vargas Júnior foi detido em Redenção (PA), acusado de envolvimento em outro episódio de homicídio. Dezenas de entidades e movimentos assinaram nota manifestando preocupação com o caso. Posteriormente, pediram sua libertação imediata.

“O advogado Vargas tem atuação destacada na defesa dos direitos de trabalhadores e trabalhadoras rurais que lutam pelo acesso ou permanência na terra no sul do Pará”, afirmam. “Vargas se tornou conhecido em nível nacional devido sua corajosa atuação em defesa das vítimas de um massacre, (…) no município de Pau D’Arco-PA. O mesmo advogado se revelou também um incansável defensor do direito das famílias que permanecem ocupando a mesma fazenda, sendo ameaçadas permanentemente de despejo.”