Sucateadas, escolas de SP viraram campo minado para alunos e professores. Por Luan Araújo

Atualizado em 27 de março de 2023 às 22:48
Polícia em frente a escola estadual Thomazia Montoro após ataque
Foto: Reprodução

Quem estudou em uma escola estadual de São Paulo sabe que o clima é bélico entre os alunos. Isso desde sempre.

Na minha época, manifestações racistas, homofóbicas, misóginas, entre outras, era algo normal e, com professores e inspetores sobrecarregados e subvalorizados, a coisa escalava em níveis muito altos de insalubridade.

Sem a facilidade de entrar em locais com discurso de ódio, a coisa para nós quando éramos adolescentes era quase uma sobrevivência e uma casca automática. Tinham muitos algozes e esses algozes sofriam de volta. Era um ambiente muito tóxico.

Nos dias de hoje, isso tem nome: bullying. E os alunos e alunas até falam disso na escola. Mas a coisa nas instituições que foram cuidadas por quase 30 anos pelo PSDB e agora pelo turista Tarcísio de Freitas estão cada vez mais sucateadas. E os alunos que têm tendências a serem opressores encontram na internet discursos e artifícios para escalar a barbárie que temos a cada dia nas salas de aula da Grande São Paulo.

Na manhã desta segunda-feira (27) a Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, Zona Oeste da Capital Paulista, foi palco de um atentado a facas de um aluno de 13 anos, que deixou uma professora de 71 anos morta e mais três pessoas feridas. O aluno que cometeu o atentado há pelo menos um mês mostrava ter um discurso extremamente racista com um colega de classe.

Na semana anterior, esse aluno xingou esse colega de “macaco” e a vítima do racismo bateu e uma professora apartou a briga. Hoje, o menino foi direto para cima dos professores com sua faca. E de acordo com colegas de classe, a coisa poderia ser pior, pois ele queria ter uma escopeta calibre 12 para atirar em professores e colegas.
E a coisa poderia ser pior. O aluno ofendido pelo jovem autor do atentado com xingamentos racistas havia faltado na escola nesta segunda-feira. Vocês imaginam o que poderia ter acontecido com esse menino se estivesse no local?

O componente do racismo estava neste atentado claramente. O menino que cometeu o ato criminoso frequentava fóruns de extrema-direita e compartilhava discursos de cunho supremacista branco com os colegas. Em um ambiente minimamente funcional, ele já seria reeducado. No ambiente das escolas estaduais de São Paulo, ele encontrou um terreno fértil para radicalizar ao extremo.

O clima nas escolas paulistas continua vai continuar ruim. O discurso de extrema-direita, porém, cada vez mais intolerante e com acesso facilitado em fóruns da Deep Web, potencializa isso. De acordo com colegas de classe, o autor do atentado era frequentador destes fóruns, onde o discurso de extrema-direita, que levou o Brasil a um caos social nunca visto nos últimos anos, tem terreno fértil.

Agora (e já não é assim há algum tempo), o risco não é só de você ter seu lanche roubado ou de tomar um “cuecão”. A vida destes jovens e professores está em perigo.

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