Suspeitas sobre equipamento espião causaram racha na cúpula da Abin; entenda

Atualizado em 1 de novembro de 2023 às 13:01
Deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro (PL). Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

A investigação sobre o uso ilegal de programa de espionagem por servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) expôs um racha na cúpula do órgão. Segundo a Polícia Federal, o software First Mile foi usado sem aval da Justiça para monitorar magistrados, jornalistas e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro entre 2019 e 2021. A informação é do UOL.

As suspeitas sobre o aparelho surgiram em 2021, durante a análise de um contrato de compra. Na ocasião, a Secretaria de Planejamento e Gestão (SPG) do órgão considerou as explicações da Diretoria Adjunta que explicavam a legalidade da compra e o uso da ferramenta insuficientes.

Ligado aa Alexandre Ramagem, então diretor da Abin, Carlos Afonso Coelho chefiava a SPG e determinou a abertura de uma apuração interna para analisar o caso. Ele queria que a Corregedoria do órgão fizesse uma investigação interna “adequada, independente e imparcial” sobre a compra do aparelho.

“A despeito do posicionamento conclusivo do responsável pela coordenação técnica das unidades de produção de conhecimento de inteligência da Abin, recomendo à Direção-Geral, com vistas a reafirmar o compromisso dessa gestão com a irrestrita obediência aos limites legais impostos à atividade de inteligência, encaminhar o presente processo à Corregedoria-Geral”, diz despacho de Coelho.

Fachada da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O Departamento de Operações da Abin, que fazia uso do First Mile, era chefiado por Paulo Maurício Fortunato, que é suspeito de integrar o esquema de espionagem ilegal e teve outros desentendimentos com Ramagem.

Com o racha na Abin, Fortunado deixou a agência na época em que as suspeitas sobre o equipamento foram identificadas, em agosto de 2021. Na gestão de Ramagem, no entanto, o processo sobre a compra do First Mile não avançou e só foi finalizado um ano e meio depois, durante o governo Lula.

Uma sindicância foi aberta em março deste ano e, cinco meses depois, a Controladoria Geral da União (CGU) assumiu a investigação. A entrada do órgão na apuração contribuiu para operação da Polícia Federal, que, no mês passado, prendeu dois servidores da Abin e causou a exoneração de Fortunato.

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