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Tá ruim o “perrengue”, Heloísa Bolsonaro? Pede uma cesta-Maldivas pro Véio da Havan. Por Nathalí

Heloísa Bolsonaro, recém-casada com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, usou sua conta no Instagram para compartilhar com seus seguidores o quão sofrida é a vida de uma dondoca que vive em dedicação exclusiva ao marido, e em compensação ajuda a torrar os mais de 33 mil (vai pra mais de 45 com todas as gratificações) que ele fatura mensalmente no cargo público que ocupa graças ao nepotismo do pai.

“A glamourização da vida política tem que acabar”, disse, com ares de seriedade e muito milituda nos stories.

Na verdade, Heloísa não tem “vida política”, porque não é ela quem ocupa o cargo de deputado (ou nenhum outro cargo, uma vez que não trabalha).

Seu tempo foi vendido ao marido pela bagatela de 45 mil por mês – e isso deveria ser suficiente para as luzes no cabelo e a drenagem linfática, mas, ao que parece, não é.

“Não nos falta nada, mas passamos perrengue”, garantiu.

Em que Brasil essa mulher vive?

Quanto a mim, infelizmente, vivo no Brasil de 13 milhões de desempregados.

Vivo no Brasil que saiu do mapa da fome há apenas quatro anos, graças a Lula, no Brasil onde quase um quarto das famílias vive com um salário mínimo.

Um salário mínimo de 998. Para um aluguel de 800.

O brasileiro faz malabarismo pra sobreviver, dona Heloísa. De onde eu venho, é isso que chamamos de perrengue.

A elite branca brasileira não é só egocêntrica e canalha: é completamente alienada da realidade, também.

Essa mulher nunca soube o que é um perrengue, porque nasceu com privilégios e faz qualquer coisa para mantê-los – mas bem que poderia se poupar do vexame na internet, hein?

Questionada sobre serviço doméstico, respondeu que não passa roupa. “Temos uma pessoa que faz isso.”

Sim, a pessoa. A empregada.

A que pega duas conduções pra chegar ao trabalho, almoça correndo no canto de uma cozinha, perde o crescimento dos filhos enquanto limpa a privada da branquitude – que horas ela volta? – e ainda tem que ouvir a patroa loira reclamar de perrengue.

“Ai, não consegui comprar minha bolsa da Armani”

Tá ruim o “perrengue”, linda? Larga a carreira de mulher de político e vai trabalhar.

Heloísa Bolsonaro, guerreira, passa perrengue nas Maldivas

Nathalí Macedo

Escritora, roteirista, militante feminista, mestranda em Cultura e Arte. Canta blues nas horas vagas.

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Nathalí Macedo

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