Tirinhas de ‘Dilbert’ são canceladas nos jornais dos EUA após falas racistas do autor

Atualizado em 25 de fevereiro de 2023 às 19:55
Dilbert e seu cachorro Dogbert

A história em quadrinhos “Dilbert”, de Scott Adams, foi cancelada em vários jornais dos EUA depois que o cartunista chamou os negros americanos de “grupo de ódio” e instou os brancos a “saírem de perto” deles num vídeo do YouTube.

A Gannett Co. – a maior editora de jornais americana – disse que a rede USA Today deixará de publicar “Dilbert” imediatamente. Ela atua em 43 estados.

“Comentários discriminatórios recentes do criador, Scott Adams, influenciaram nossa decisão de descontinuar a publicação de seus quadrinhos”, declarou a Gannett em um comunicado. “Embora respeitemos e incentivemos a liberdade de expressão, suas opiniões não se alinham com nossos valores editoriais ou comerciais como organização.”

Publicações de Michigan, Nova York, Pensilvânia, Nova Jersey, Alabama, Massachusetts e Oregon também tomaram essa decisão.

Em seu programa no YouTube na quarta-feira, 22 de fevereiro, Adams citou uma pesquisa que revelou que quase metade dos negros não concorda com a afirmação: “É ok ser branco”. A Liga Anti-Difamação chamou a frase de “símbolo de ódio” popularizado no final de 2017 como uma campanha de trollagem no 4chan.

“Com base na forma como as coisas estão indo, o melhor conselho que eu daria aos brancos é se afastar dos negros. Apenas saia fora”, disse Adams. “Onde quer que você tenha que ir, apenas afaste-se. Porque não há como consertar isso. Isso não pode ser consertado. Portanto, não acho que faça mais sentido, como cidadão branco da América, tentar ajudar os cidadãos negros. Não faz sentido. Não há mais um impulso racional. Então, vou desistir de ser útil para a América negra porque não parece que compensa”.

Adams afirmou anteriormente que alguns de seus projetos foram cancelados porque ele é branco e fez várias “piadas” de cunho racial. Em 2022, ele apresentou o primeiro personagem negro a “Dilbert”, apelidado de Dave, o Engenheiro Negro, que costumava zombar da ideia de diversidade no local de trabalho e identidade transgênero (“Eu me identifico como branco”, diz Dave, o Engenheiro Negro, em uma tira ).

Scott Adams, autor de “Dilbert”

“Perdi meu programa de TV por ser branco quando a emissora UPN decidiu que se concentraria no público afro-americano. Esse foi o terceiro emprego que perdi por ser branco”, escreveu ele no Twitter em 2020. Na verdade, a audiência do programa havia despencado e ele foi cancelado depois que o público desistiu de assistir.

Em janeiro de 2022, Adams tuitou: “Vou me identificar como uma mulher negra até que Biden escolha seu candidato à Suprema Corte”.

“Dilbert” é distribuído pela Andrews McMeel Syndication desde 2011. Adams, 65, cresceu fã dos quadrinhos de Peanuts e começou a desenhar seus próprios aos 6 anos de idade. Até o momento, mais de 40 livros de “Dilbert” foram publicados, com “The Dilbert Principle” tornando-se um best-seller do New York Times. As vendas totais de livros e calendários ultrapassaram 20 milhões de unidades, de acordo com a editora.