Trabalho ‘invisível’ de cuidado das mulheres equivale a 8,5% do PIB no Brasil

Atualizado em 11 de novembro de 2023 às 18:01
Viviane Gil Brandão, 47, lava louça enquanto prepara almoço para o filho Davi, 11. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

A economia do cuidado desempenha um papel crucial na sociedade, abrangendo uma variedade de tarefas domésticas e esforços voltados para dependentes, como crianças, idosos, doentes e pessoas com deficiência. É um componente vital para que todos desempenhem seus papéis na sociedade.

No entanto, há uma disparidade significativa nesta economia, uma vez que 65% desse trabalho é realizado por mulheres. Pesquisadores do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) indicam que se esse esforço fosse contabilizado, poderia acrescentar pelo menos 8,5% ao PIB do país.

Na última semana, o tema da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres no Brasil foi destacado pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em sua redação.

Pesquisa do IBGE também mostra disparidade de gênero em afazeres de casa. Foto: IBGE.

“Na nossa sociedade patriarcal e machista, o cuidar sempre foi uma tarefa relegada à mulher, enquanto ao homem compete trabalhar” observa a economista Hildete Pereira de Melo, mestre em engenharia de produção e doutora em economia industrial e da tecnologia, em entrevista à Folha de S. Paulo.

Segundo Hildete, professora da Faculdade de Economia da UFF e editora da Revista Gênero, essa economia não apenas sustenta o funcionamento da sociedade, mas também limita o direito das mulheres a uma melhor qualidade de vida e progresso na carreira, uma vez que seu tempo livre é frequentemente dedicado aos outros.

Pesquisas anteriores indicam que, se o trabalho invisível realizado em casa fosse remunerado, a economia do cuidado poderia representar pelo menos 13% do PIB brasileiro. Contudo, esses números são considerados subestimados, uma vez que não levam em conta profissões de cuidado com remuneração mais alta, como a de professores e cuidadores.

A relevância desse trabalho, embora não envolva uma proposta de remuneração direta para as mulheres envolvidas, destaca sua importância significativa para a economia do país. É essencial que o tempo dedicado aos cuidados seja mais equitativamente compartilhado entre os membros da família, buscando uma valorização justa do trabalho realizado na economia do cuidado.

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