A economia do cuidado desempenha um papel crucial na sociedade, abrangendo uma variedade de tarefas domésticas e esforços voltados para dependentes, como crianças, idosos, doentes e pessoas com deficiência. É um componente vital para que todos desempenhem seus papéis na sociedade.
No entanto, há uma disparidade significativa nesta economia, uma vez que 65% desse trabalho é realizado por mulheres. Pesquisadores do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) indicam que se esse esforço fosse contabilizado, poderia acrescentar pelo menos 8,5% ao PIB do país.
Na última semana, o tema da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres no Brasil foi destacado pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em sua redação.
“Na nossa sociedade patriarcal e machista, o cuidar sempre foi uma tarefa relegada à mulher, enquanto ao homem compete trabalhar” observa a economista Hildete Pereira de Melo, mestre em engenharia de produção e doutora em economia industrial e da tecnologia, em entrevista à Folha de S. Paulo.
Segundo Hildete, professora da Faculdade de Economia da UFF e editora da Revista Gênero, essa economia não apenas sustenta o funcionamento da sociedade, mas também limita o direito das mulheres a uma melhor qualidade de vida e progresso na carreira, uma vez que seu tempo livre é frequentemente dedicado aos outros.
Pesquisas anteriores indicam que, se o trabalho invisível realizado em casa fosse remunerado, a economia do cuidado poderia representar pelo menos 13% do PIB brasileiro. Contudo, esses números são considerados subestimados, uma vez que não levam em conta profissões de cuidado com remuneração mais alta, como a de professores e cuidadores.
A relevância desse trabalho, embora não envolva uma proposta de remuneração direta para as mulheres envolvidas, destaca sua importância significativa para a economia do país. É essencial que o tempo dedicado aos cuidados seja mais equitativamente compartilhado entre os membros da família, buscando uma valorização justa do trabalho realizado na economia do cuidado.