O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com “tranquilidade” à notícia da decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular todas as provas da Operação Lava-Jato que levaram à sua condenação. Segundo Ricardo Noblat, do Metrópoles, em conversas com interlocutores, Lula disse que sempre considerou a operação uma “farsa” e que a anulação das provas agora corrobora essa visão.
O presidente não demonstrou nenhum “sentimento de revanche” em relação ao ocorrido. Lula comentou sobre o assunto com Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, durante um encontro no Palácio da Alvorada antes do almoço.
Horas depois da decisão de Toffoli, Dino anunciou que a Polícia Federal (PF) será encarregada de apurar a “responsabilidade criminal de agentes públicos” no caso. Ele afirmou que quando o Ministério da Justiça receber oficialmente a decisão, encaminhará à PF para cumprir a determinação.
Nessa investigação, o ex-juiz da Lava-Jato, e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR), deve ser o principal alvo. Na decisão de Toffoli, o ministro do STF indicou que Moro foi “diretamente beneficiado pela condenação e prisão” de Lula.
Além disso, aliados de Moro acreditam que, pelo menos por enquanto, não há um risco iminente de prisão, embora considerem que o fato possa ser usado contra ele no processo que pode tirar seu mandato no Senado em julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e enxergam a situação como o “cerco se fechando” contra ele.
Em sua decisão, Toffoli afirmou que “a prisão do reclamante, Luiz Inácio Lula da Silva, até poder-se-ia chamar de um dos maiores erros judiciários da história do país. Mas, na verdade, foi muito pior. Tratou-se de uma armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra legem”.
“O último fato indicativo da perda de imparcialidade do magistrado consiste no fato de haver aceitado o cargo de Ministro da Justiça após a eleição do presidente da República, Jair Bolsonaro, que há muito despontava como principal adversário político do paciente. Sergio Moro decidiu fazer parte do Governo que se elegeu em oposição ao partido cujo maior representante é Luiz Inácio Lula da Silva”, continuou.