Tutelada pela Globo, que a pôs de joelhos diante de Bolsonaro, Miriam Leitão “denuncia” a tutela de Haddad. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 12 de setembro de 2018 às 14:22
Miriam Leitão na sabatina com Bolsonaro: tutelada

Uma formulação atribuída a Einstein diz que loucura consiste em repetir um mesmo procedimento incontáveis vezes esperando resultado diferente.

Há método na insanidade dos ataques da mídia contra Lula e o petismo. Mas, se funcionassem, ele estaria enterrado e esquecido e não liderando as pesquisas.

Miriam Leitão não esperou 24 horas para partir para cima de Fernando Haddad, sagrado ontem o nome do PT à presidência da República em substituição ao ex-presidente.

Segundo ela, trata-se de um “candidato tutelado”.

“Ele fica assim numa situação inusitada, só comparável ao que aconteceu com Héctor Cámpora na Argentina”, escreve.

“Só havia pessoas brancas no campo de visão da imagem transmitida pelo PT, quando Haddad relacionou, entre os vários motivos pelos quais Lula estaria sendo impedido, o de ter permitido a ascensão dos negros”.

Segue a catilinária:

“Nós temos um líder”, disse Haddad, mais uma vez subserviente. E disse que quer “olhar no olho do povo” para lembrá-lo dos bons tempos do Lula.

Do lado, séria e sem olhar na direção de Haddad, a ex-presidente Dilma foi citada rapidamente. A estratégia do partido é avivar a memória do período de crescimento no governo Lula e apagar a lembrança de que a recessão começou no período Dilma. (…)

O ex-ministro precisou da autorização expressa de Lula para dar cada passo que deu. E será, até o fim, um candidato tutelado a partir de uma cela da Polícia Federal em Curitiba. (…)

O PT deixou claro ontem, mais uma vez, por atos e palavras, que é Lula quem decide e manda.

Ora, Lula manda. Alguma dúvida? Se for um problema para Miriam, o pessoal pode dar um jeito, sim, senhora.

A estratégia será essa. Haddad é um pau mandado. Mais um poste a serviço do diabo barbudo. Etc.

Só uma forma de alucinação pode explicar Miriam criticar alguém por ser tutelado e pela subserviência.

Ela cumpre o roteiro da casa há anos, fiel servidora dos interesses dos donos da emissora.

Miriam protagonizou um momento constrangedor ao ouvir, sem esboçar qualquer reação, o tributo do general Mourão ao assassino Carlos Alberto Brilhante Ustra em sabatina da GloboNews.

“Heróis matam”, afirmou o sujeito. Ato contínuo, a entrevistadora mudou a conversa para a reforma da previdência.

Com Jair Bolsonaro foi pior.

No final do programa, a Globo a fez ler tropegamente, através de ponto eletrônico, um editorial desdizendo outro editorial de Roberto Marinho exaltando a ditadura, citado por Bolsonaro.

Há um quê de sadismo em fazer uma mulher que foi torturada se humilhar assim diante de fascistas.

Isso é tutela. 

O próximo capítulo do looping: em duas semanas, Miriam Leitão estará falando em “lulohaddadismo”. Batatíssima.