O colunista Maurício Stycer registrou no UOL algo que todo mundo sabe, mas que é sempre bom ressaltar: com exceção da Globo, as demais emissoras de TV aberta atuam em consórcio para evitar constrangimento ao constrangido governo de Jair Bolsonaro.
O exemplo da vez é a cobertura do caso Daniel Silveira, quando omitiram a aproximação familiar inclusive do truculento com o clã Bolsonaro.
Bolsonaro pode até controlar o consórcio de mídia (Ratinho chegou a falar em golpe militar), mas tem problemas com o gado: está sendo pressionado a sair em defesa do amigo.
Leia trechos da coluna de Maurício Stycer:
A prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL) foi o principal assunto de todos os telejornais da TV aberta brasileira nesta quarta-feira (17). A ratificação unânime pelo plenário do STF da decisão do ministro Alexandre de Moraes ganhou bastante espaço no noticiário, mesmo nos canais mais abertamente simpáticos ao governo.
Conhecido apoiador do presidente Jair Bolsonaro, Silveira foi preso na noite de terça-feira (16) após gravar um vídeo com ameaças a ministros do STF e apologia ao AI-5, o mais duro decreto imposto pela ditadura militar (1964-85) que suspendeu todas as garantias constitucionais.
Ainda que tenham dado bastante destaque à notícia de sua prisão, “Jornal da Record”, “SBT Brasil”, “Jornal da Band” e “RedeTV! News” evitaram mencionar que Silveira é da tropa de choque bolsonarista.
Esta referência foi feita de forma explícita, em mais de uma ocasião, pelo “Jornal Nacional”. O telejornal da Globo foi também aquele que dedicou mais tempo ao noticiário sobre a prisão – 28 minutos. Num tom oficialista, o JN mostrou 11 minutos de transcrições, com imagens da TV Justiça, da sessão do STF que referendou a decisão de Alexandre de Moraes.
O “Jornal da Record” se ocupou da notícia do dia por mais de 11 minutos, aproximadamente o mesmo tempo dado pelo “SBT Brasil”, enquanto “RedeTV! News” falou por 7 minutos e “Jornal da Band” por 5 minutos. Todos reproduziram breves trechos da sessão do STF.
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