Categories: Sem categoria

Um governo com muitos generais no ministério e só soldado raso na política. Por Fernando Brito

Mourão e Bolsonaro

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO TIJOLAÇO

Começa hoje o espetáculo tragicômico da reforma da Previdência, chave mestra da continuidade de um governo que, em menos de dois meses, se não perdeu toda a popularidade de seu chefe, perdeu toda a credibilidade com os setores que, em dias recentes, achava que ele poderia ser enquadrado em algum grau de normalidade.

E a referência recente para saber de seu sucesso ou insucesso nesta empreitada – para ele vital –  é o que tivemos, há dois anos. com a frustrada “tentativa Temer” na área, à qual, aliás, em quase tudo a de Bolsonaro, pelo que se sabe, parece, quando não agrava.

Se o “pacote de maldades” do presidente golpista tinha absurdos inviáveis, como o dos 49 anos de contribuição para ter o benefício integral, o do persidente recluso também os têm, como a ideia estapafúrdia de pagar benefícios muito menores que o mínimo, como revela hoje O Globo:

As regras dos benefícios assistenciais — pago a idosos e deficientes da baixa renda — também foram alteradas pelo governo. Segundo fontes a par das discussões, o auxílio começará a ser pago aos 60 anos, no valor de R$ 400, e passará a ser equivalente ao salário mínimo aos 70 anos. Antes, a proposta era pagar R$ 500 a partir dos 55 anos.

Aliás, a ânsia de mostrar que a reforma “atinge todo mundo” traz implícita a questão de, portanto, desagradar a todos.

Pode-se argumentar que este Congresso é “diferente”, dada a renovação dos eleitos. Bobagem: mudaram os nomes, permaneceram a falta de qualidade política e, sobretudo, a falta de espírito público, agora salpicada por alguns Frotas, Kins e “major isso e coronel aquilo”.

A diferença está no fato de não existirem operadores políticos para conduzir a proposta do Governo. Temer tinha, no Palácio e na Câmara, um verdadeiro exército de personagens aptos a falar a língua dos ratos e a dar nó em pingos d’água suja.

Seu líder na Câmara, um certo Major Vitor Hugo, é tratado na casa como um molambo. O chefe (chefe?) da Casa Civil (civil?), Ônyx Lorenzoni, nunca foi um articulador e, se fosse uma loja online, estaria arruinado no Procon por não entregar o que vende.

Procurem com uma lupa e vejam se há algum interlocutor político razoável no Governo.

O governo pode estar cheio de generais na sua composição ministerial. Mas, na política, só tem soldado raso.

Diario do Centro do Mundo

Disqus Comments Loading...
Share
Published by
Diario do Centro do Mundo

Recent Posts

VÍDEO – Salles fica abraçado com Bolsonaro em carreata e vira piada

No último domingo (28), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou uma carreata pelas ruas de…

21 minutos ago

José Mujica anuncia que tem tumor no esôfago: “Veremos o que acontece”

O ex-presidente uruguaio José Mujica, de 88 anos, revelou em entrevista coletiva nesta segunda-feira (29)…

2 horas ago

DCM Ao Meio-Dia: Ex-diretor da PRF diz que Bolsonaro também deveria estar preso; Madonna e Samara Felippo

AO VIVO. Kiko Nogueira e Pedro Zambarda fazem o giro de notícias. Entrevista com o…

2 horas ago

Empresário admirador de Musk patrocina evento com Moraes em Londres

O empresário Alberto Leite, conhecido por sua admiração por Elon Musk, patrocinou um evento em…

2 horas ago

Dono de Porsche é denunciado por homicídio doloso e lesão corporal

O Ministério Público de São Paulo denunciou Fernando Sastre de Andrade Filho, 24 anos, por…

4 horas ago

Operação Mensageiro prende prefeito e vice de cidade em Santa Catarina

A 5ª fase da Operação Mensageiro, deflagrada nesta segunda-feira (29), resultou na prisão do prefeito…

4 horas ago