30 anos após fim da URSS, historiador brasileiro em Moscou fala dos resquícios da era soviética

Atualizado em 26 de dezembro de 2021 às 12:16
Manifestação de Russos em comemoração a Revolução de Outubro de 1917. Foto: Getty Images
Manifestação de Russos em comemoração a Revolução de Outubro de 1917. Foto: Getty Images

É impossível não encontrar resquícios da União Soviética na Rússia atual. Quem afirma isso é o historiador brasileiro Rodrigo Ianhez, que vive em Moscou há 11 anos. Ele falou em entrevista ao site RFI.

Segundo Ianhez, o legado do período socialista povoa o imaginário coletivo e o presente é constantemente comparado com o passado.

De acordo com uma pesquisa de opinião feita na Rússia em 2018, 66% dos cidadãos se arrependem pelo fim do socialismo.

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“É inevitável ver os resquícios da União Soviética aqui na Rússia. Diferente de alguns outros países, como os bálticos, ou na Ucrânia, onde houve uma tentativa de apagar esse período histórico das ruas, da arquitetura monumental, das referências, dos monumentos históricos. Na Rússia não houve ativamente essa tentativa. É claro que parte deste patrimônio arquitetônico, histórico, se perdeu e vem se perdendo”, diz Rodrigo Ianhez.

O historiador afirma que alguns momentos da história soviética são mais valorizados, inclusive de forma oficial, do que outros.

“Na Rússia contemporânea se valoriza muito a vitória da Segunda Guerra Mundial, a memória da guerra. E, claro, a guerra foi travada durante a era Stálin, esse período histórico é bastante preservado. São erguidos novos museus em referência a isso, memoriais. Enquanto isso, a arquitetura construtivista foi por algum tempo relegada a segundo plano”, relata.

A Revolução Russa, liderada pelo talentoso Vladimir Lenin, mudou a história da humanidade.
A Revolução Russa, liderada pelo talentoso Vladimir Lenin, mudou a história da humanidade.

Na viagem que fez pelo interior da Rússia, Rodrigo Ianhez percebeu que muitos edifícios da época da União Soviética se perderam, mas o passado continua estampado nas cidades. Ele fez um roteiro que passou por Kazan, Tobolsk, Novosibirsk, Irkutski, lago Baikal, Birobidzhan, Khabarovsk e Vladivostok.

“Mesmo o modernismo soviético não é tão valorizado, embora esteja havendo uma mudança nesse sentido. Vladimir Lenin ainda ocupa as praças centrais, os nomes das ruas ainda trazem referências ao passado, como a avenida Karl Marx, a rua Gorki, a rua Lenin. Na malha urbana, na geografia das cidades, ainda está muito impregnado isso”, afirma o historiador.

Com informações do RFI

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