Vacina, golpe e joias: como as investigações contra Bolsonaro se conectam

Atualizado em 19 de março de 2024 às 16:17
Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil. Foto: reprodução

A Polícia Federal enviou ao Judiciário um relatório que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outras 15 pessoas por suspeita de fraudar dados de vacinação contra a Covid-19. Esse é o primeiro documento emitido pela PF destinado ao Judiciário no âmbito do inquérito das milícias digitais.

Além do caso de fraude de vacinação, outras duas frentes de investigação estão em andamento dentro do mesmo inquérito. Uma delas investiga a venda ilegal de presentes oficiais, como joias valiosas, dados a Bolsonaro por autoridades estrangeiras. A outra apura a tentativa de golpe de Estado após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de 2022.

A fuga de Bolsonaro para Orlando, nos EUA, no fim de 2022 foi um passo que une essas três linhas investigativas: a fraude da vacina ajudaria Bolsonaro a se manter por um tempo fora do Brasil, a venda das joias se converteria em dinheiro e, por fim, a trama golpista poderia permitir que ele retornasse como presidente da República.

Após o indiciamento pela PF, o caso é encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decide se irá denunciar os envolvidos ao Supremo Tribunal Federal (STF). Caso haja denúncia, a corte analisará as provas para iniciar uma ação penal. Somente ao final desse processo os réus serão julgados culpados ou inocentes.

O inquérito das milícias digitais foi iniciado em julho de 2021 para investigar ataques às instituições democráticas. Desde então, foram realizadas três grandes operações policiais.

A primeira operação, em maio de 2023, que resultou na busca e apreensão de Bolsonaro e Cid pela primeira vez, tinha como objetivo investigar as fraudes no sistema de vacinação do SUS. Naquela ocasião, Cid foi preso e, quatro meses depois, fechou um acordo de delação premiada.

Jair Bolsonaro e Mauro Cid — Foto: Alan dos Santos/Presidência

A segunda linha investigativa foi sobre a venda ilegal de joias valiosas. Os objetos recebidos por Bolsonaro de autoridades estrangeiras foram desviadas por assessores. Em um dos exemplos mais destacados é de um relógio da marca Patek Philippe, avaliado em cerca de R$ 68 mil.

O pai de Cid, general Mauro Lourena Cid, teria sido o responsável por vender o relógio nos Estados Unidos. No entanto, ao entenderem que a PF poderia encontrar irregularidades na transação, o advogado Frederick Wassef foi aos EUA recomprar o objeto para devolver ao governo.

Por fim, a delação do ex-ajudante de ordens chegou aos crimes da trama golpista. Segundo Cid, o clã bolsonarista já tinha em mãos a minuta para instituir o golpe de Estado e o discurso que o ex-presidente apresentaria ao tomar o poder.

Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe do nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link