“Vai ser fora das quatro linhas”: bolsonarista preso pela PF discutiu golpe de Estado com Mauro Cid

Atualizado em 4 de maio de 2023 às 16:38
Ailton Gonçalves Moraes Barros e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Nesta quinta (4), foi revelada a troca de áudios entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e Ailton Gonçalves Moraes Barros, major reformado do Exército, sobre um plano de golpe de Estado. A transcrição está na posse da Polícia Federal e mostra que os dois militares tinham se planejaram para instalar um golpe militar e prender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O áudio é de 15 de dezembro, uma quinta-feira, e os passos deveriam ser executados até a segunda-feira seguinte (19), segundo a CNN Brasil. A ideia dos bolsonaristas era que Freire Gomes, então comandante do Exército, lesse um pronunciamento para efetivar um golpe.

“Entre hoje e amanhã, tem que continuar pressionando o Freire Gomes para que ele faça o que tem que fazer. Até amanhã a tarde, ele aderindo bem, ele faça um pronunciamento, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro”, afirma Ailton.

Na sequência, ele diz que, no caso de recusa de Freire Gomes, o então presidente Bolsonaro deveria fazer o pronunciamento “para levantar o moral da tropa”. Ailton afirmou que líderes do agronegócio, dos caminhoneiros e do meio empresarial, a quem chama de “tropa”, estariam “abalados”.

“[Tem que] fazer o pronunciamento. Ou Freire Gomes, ou Bolsonaro. De preferência o Freire Gomes, que fica tudo dentro das quatro linhas. Não o sendo, vai ser fora das quatro linhas mesmo. Nós já estamos no limite longo da zona de lançamento, não vamos ter mais como lançar, vamos ter que dar passagem”, prossegue o bolsonarista.

Após a decretação do golpe, a gestão do regime deveria ser dada ao comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia (GO), cargo que seria futuramente ocupado por Cid. “Nós vamos ficar dentro das quatro linhas até tal ponto. Se for preciso, vai ser fora das quatro linhas”, diz Ailton.

Em seguida, depois da assinatura de atos oficiais que concretizassem o golpe, Cid deveria mandar Alexandre de Moraes, ministro do Supremo, no domingo.

“Tem que ser dada missão ao comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia para prender Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele, como ele faz com todo mundo, e na segunda-feira, ser lida a portaria ou as portarias, o decreto ou os decretos, de Garantia da Lei e da Ordem e botar as Forças Armadas, cujo comandante supremo é o presidente da República, para agir. Se não, nunca mais vamos limpar o nome do nosso glorioso Exército de Caxias”, completou.

Ailton foi preso nesta quarta (3) pela Polícia Federal por suspeita de participar de esquema de falsificação de dados de vacinação contra Covid-19. Ele concorreu como deputado estadual pelo PL-RJ em 2022 se apresentando como “01 do Bolsonaro” na campanha.

Após sua detenção, foi revelado que ele relatou, por meio de mensagens, que saberia quem é o mandante da morte da vereadora Marielle Franco. As mensagens estão em posse da PF.

Mauro Cid, com quem conversou sobre o plano de golpe de Estado, era braço-direito do ex-presidente no Palácio do Planalto. Ele também foi preso por suspeita de participação no esquema da fraude de vacinas.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link