“Vamos morrer aqui”: palestina em Gaza diz para marido “encontrar nova família” no Brasil

Atualizado em 24 de novembro de 2023 às 13:45
Samira Hasan e o filho, Hamza Abuharbid, visitavam a família na Faixa de Gaza quando a guerra começou. Foto: Maurício Frighetto/DW

A jovem palestina Samira Hasan (25) estava na Faixa de Gaza quando a guerra entre Israel e o Hamas começou e relatou que ligou para o marido, que estava em Florianópolis (SC), anunciando que morreria por conta do conflito. A informação é do Deutsche Welle.

“Pode encontrar uma nova família para você. Nós vamos morrer aqui”, afirmou a ele na ocasião. “Ao mesmo tempo, só pensava na minha família que tinha ficado para trás e que pode morrer a qualquer momento”, prosseguiu.

Formada em literatura inglesa, ela deixou Gaza em 2020 e migrou para a Turquia em busca de segurança. No país, ela se casou com o também palestino Ahmed Abuharbid (31). Em julho de 2022, eles se mudaram para Florianópolis, lugar considerado protegido pelo casal.

Samira voltou para Gaza para visitar a família e apresentar o filho, que nasceu no Brasil. Seus pais e irmãos moravam em Rimal, bairro nobre ao norte da região e a palestina conseguiu fazer diversos passeios com eles e até uma viagem à Turquia antes do início do conflito.

Após o ataque do Hamas, em 7 de outubro, Gaza começou a ser alvo de bombardeios e Samira teve que ficar na casa em Rimal. Posteriormente, ela e a família foram para a residência de amigos, onde se sentiam mais seguros.

“A todo instante escutávamos o som de mísseis e bombas. Nenhum lugar era seguro, nem hospitais, nem escolas”, relata Samira. Ela aponta que o período que passou na casa de amigos foi o momento mais tenso da viagem.

Casas e prédios destruídos após ataques de Israel na Faixa de Gaza. Foto: Shadi Tabatibi/Reuters

Dias depois, um funcionário da embaixada brasileira ligou para ela. A autoridade questionou se eles queriam ser resgatados, já que o filho é brasileiro. “Meu pai disse: ‘Não quero que você e seu filho morram aqui. Seu marido está esperando vocês no Brasil'”, prossegue. 

No dia 12 de outubro, ela teve que viajar com a família até Khan Younis, cidade próxima à fronteira com o Egito, depois do ultimato de Israel para que habitantes do norte migrassem para o sul. “As estradas estavam destruídas. Esperávamos que eles nos matassem a qualquer momento”, afirma.

Samira ficou refugiada em um acampamento em escola de Khan Younis com outros brasileiros. Ela ficou por um tempo sem encontrar leite ou fraldas para o filho e só comia um biscoito industrializado de tâmaras.

Ela e o filho voltaram ao Brasil após missão do governo federal para resgatar os 32 brasileiros e palestinos. Ela cruzou a fronteira da Faixa de Gaza com o Egito no último dia 12 e conta que foi o primeiro momento em que se sentiu segura.

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