Vaza Jato: o Deus de Dallagnol o mandava escarnecer da morte de familiares de Lula? Por Kiko Nogueira

Atualizado em 27 de agosto de 2019 às 8:22

Mais do que qualquer coisa, a afinidade da Lava Jato com Bolsonaro — o candidato da operação, como admitiu o ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima — é de ausência de humanidade.

A nova leva de diálogos do Intercept publicados em parceria com o UOL mostra a que ponto pôde chegar essa turma.

Chefiados pelo beato Deltan Dallagnol, aquele que vivia pregando em igrejas evangélicas, eles tripudiaram sobre a morte de Marisa Letícia e o luto de Lula.

Revoltaram-se com o pedido de Lula para ir ao enterro do irmão Vavá e o condenaram quando ele conseguiu velar o neto Arthur.

“Preparem para nova novela ida ao velório”, escreveu a procuradora Verusa Viecili.

Que tipo de gente é essa?

Dona Marisa morreu vítima de um AVC hemorrágico em 2017, depois de uma agonia no hospital que . 

Dallagnol, o pio, o santo, reage assim: “Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como vegetal”.

O colega Januário Paludo responde: “Estão eliminando as testemunhas”.

Laura Tessler refuta qualquer responsabilidade sobre o destino da ex-primeira dama.

“Ridículo… Uma carne mais salgada já seria suficiente para subir a pressão… ou a descoberta de um dos milhares de humilhantes pulos de cerca do Lula”, afirma.

Laura Tessler comenta sobre a ida de Lula ao enterro de Arthur, de 4 anos: “O foco tá em Brumadinho…logo passa…muito mimimi”.

E por aí vai.

É tudo tão indigno, tão desumano, que é difícil reproduzir essa canalhice sem sentir nojo físico.

Essa caterva que arrotava superioridade se comportava como hiena.

“De mortuis nil nisi bene”. Numa tradução livre, “Dos mortos só se deve falar bem”.

O provérbio latino contém a sabedoria do respeito, da civilização.

Há coisas que, simplesmente, não se fazem. Uma delas é enxovalhar um cadáver, um viúvo ou viúva, seus filhos.

Assim como atacar um homem porque sua mulher é 24 anos mais velha que ele. Ou idolatrar torturadores. Ou dizer que Marielle era casada com traficante.

A índole lavajatista é a mesma do bolsonarismo. É a da falta de caráter, de limite, da iniquidade, da vileza, da maldade em estado puro, da perseguição.

A serventia desse espetáculo da Republica de Curitiba é ter a sensação gratificante de ser diferente dessa escumalha.

Nunca teve nada a ver Justiça, mas com vingança.

Deus tenha piedade deles.