Vice que Covas tenta esconder é imposição de Doria para agradar Milton Leite. Por José Cássio

Atualizado em 25 de novembro de 2020 às 1:21
Ricardo Nunes e Bruno Covas são inimigos políticos

Na semana em que São Paulo assiste a uma briga de gato e rato para conhecer o candidato a vice-prefeito da coligação de Bruno Covas, Ricardo Nunes, um tema ainda não foi tratado.

Quem inventou o contabilista da zona Sul, enrolado em escândalos de corrupção e violência contra a mulher, para assumir o segundo posto mais importante da principal cidade do país?

Envergonhado, Bruno diz que a escolha foi dele, entre os diversos nomes indicados para o posto.

Mentira.

Ricardo Nunes é uma invenção do vereador Milton Leite (DEM), considerado o prefeito de fato da cidade em função da fragilidade física e política de Bruno, com apoio do governador João Doria.

Foi Doria quem “obrigou” Bruno a engolir Ricardo Nunes.

E os motivos que levaram o gestor a bancar a indicação têm relação com o segundo turno da eleição para o governo do Estado, vencida por ele, em 2018.

Naquela disputa, o PSDB decidiu ‘rifar’ Doria e apoiar a candidatura de Márcio França (PSB), que havia sido vice de Geraldo Alckmin.

Bruno, Geraldo, Serra, Aloysio, FHC, Goldman, e outros cardeais tucanos abandonaram Doria e trabalharam mesmo para ele se dar mal.

Quem deu a mão ao publicitário foi Milton Leite e seus comandados da zona Sul.

Por mais de uma vez, Doria atribuiu sua vitória a Milton, a despeito da surra que levou na capital.

O então presidente da Câmara conseguiu conter a sangria de apoios e minimizar a perda de votos na capital, que era onde parte do PSDB e França contavam para tirar a diferença dos apoios que vinham das pequenas e médias cidades do interior.

Ali começou o calvário de Bruno.

Com seu desafeto eleito, viu Milton Leite partir para cima da prefeitura com apetite de leão.

Milton tomou conta do Legislativo, começou a controlar o orçamento municipal, ocupou as subprefeituras e passou a definir os principais projetos estratégicos da cidade.

Inepto, festivo e ainda por cima doente, Bruno foi entregando os pontos.

Geraldo Alckmin, carta fora do baralho, Fernando Henrique, preocupado com Luciano Huck, Serra, carcomido pelo tempo, e Aloysio impedido de fazer política à luz do sol com medo da Justiça e das broncas de Paulo Preto pouco puderam fazer.

Bruno e São Paulo ficaram a Deus dará.

É neste cenário que surge Ricardo Nunes, um nome que é parte de um esquema comandado por Milton Leite, com apoio de João Doria, para continuar comandando a principal cidade do país.

Por isso o vice corre.

Por isso Bruno não quer vê-lo nem pintado de ouro.

E por isso também que o grupo político do prefeito está no desespero, torcendo para os dias passarem rápido a ponto de não dar tempo dos eleitores caçarem o rato que tanto incomoda.

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