No vídeo acima, Alexandre Garcia comete mais uma fake news. E é grave. A aproximadamente 4 minutos e 30 segundos, ele diz que a vacina contra a covid-19 mexe com a estrutura genética do ser humano.
Mentira, como fez questão de destacar o infectologista Marcos Caseiro. “Ele é uma pessoa pessimamente informada. Inacreditável como uma pessoa como essa foi, durante tanto tempo, um jornalista que trabalhou na Globo e achavam que era um quadro interessante”, afirmu.
Caseiro observa que a vacina não mexe em nada de código genético. “A vacina que é a mais diferente, que é a da Pfizer, é de RNA mensageiro. RNA mensageiro age no citoplasma da célula”, diz.
“Não existe nenhuma vacina de DNA, nada vai para o núcleo da célula. Não tem nada a ver com vacina genética. É o RNA mensageiro. Esse cara é completamente equivocado”, acrescenta.
Doutor pela Universidade Federal de São Paulo, Marcos Caseiro é um dos mais renomados especialistas em infectologia do Brasil e atua hoje no Hospital Emílio Ribas, em Guarujá.
O sanitarista Mário Kato também comentou a fala de Alexandre Garcia. “A vacina não vai alterar geneticamente nada. A gente tem vacina para paralisia infantil, a gente tem vacina para o sarampo, a gente tem vacina para o tétano, a gente tem uma série da vacinas e todas com alguns efeitos adversos, mas que são esperados, controlados e estudados. Então, não tem nenhuma vacina com poder de alterar a estrutura genética de nada. O que altera a estrutura genética das coisas são agrotóxicos que estão sendo liberados aí a torto e a direito”, afirma.
“Inadmissível o que o Alexandre Garcia fala. Jornalista deveria informar e não desinformar”, finaliza.
Procurada pelo DCM, a bióloga Natália Pasternak, fundadora do Instituto Questão de Ciência, disse que a fala de Alexandre Garcia é “fake news sim”.
Ele enviou um vídeo em que explica o efeito das vacinas:
O esforço das pessoas comprometidas com a ciência para vencer o obscurantismo fica muito mais difícil quando um jornalista veterano e conhecido espalha fake news.
Mais difícil ainda quando esse mesmo jornalista acaba de protagonizar uma campanha contra fake news, a convite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob a presidência de Luís Roberto Barroso.
Quando o taxista ou motorista de Uber diz absurdos como estes, o peso é um. Atrapalha, mas nem tanto.
Quando um jornalista que apareceu na TV para dizer que combatia fake news, o peso é gigantesco. Atrapalha, e muito.
Obrigado, Barroso.
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