
Durante a reunião golpista de 5 de julho de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro reclamou de “traíras que passaram pelo governo” ao falar de ex-aliados. Sem citar nomes, ele faz referências ao general Rêgo Barros, aos irmãos Abraham e Arthur Weintraub, ao general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz e seu filho, Caio Cesar dos Santos Cruz.
“Olha os traíras que já passaram pelo nosso governo, inclusive, militares. Tem um militar aí, general, que tinha interesse em compra de armamento em Israel através do respectivo filho, e vira inimigo mortal da gente”, afirmou o então mandatário.
A declaração é uma referência ao general Santos Cruz e seu filho, que é representante de uma empresa israelense. Em 2023, Caio Cesar chegou a prestar depoimento à Polícia Federal por ter vendido o sistema de monitoramento usado no esquema de espionagem ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Na sequência, ele reclamou de Rêgo Barros, que foi o porta-voz no seu primeiro ano de governo e não teria fito “porra nenhuma” no período. “Olha o outro que foi, aqui, porta-voz. Ficou um ano sem fazer porra nenhuma aqui, porque eu acabei com a figura do porta-voz, mas quando ele foi embora, não interessa o motivo, virou grande escritor de jornal para sacanear a gente”, prosseguiu.
Ele ainda apontou uma suposta ingratidão dos irmãos Weintraub, dizendo que deu empregos a eles nos Estados Unidos e que viraram “inimigos” do governo.
“Olha o outro traíra que eu mandei para os Estados Unidos. Dei emprego pra ele de 22 mil dólares por mês, né, Paulo Guedes? O outro irmão dele. 10 mil dólares por mês. E o cara vira inimigo. E alguns preocupados dele ser preso. Não vai ser preso. Ele está pronto pra fazer uma delação premiada no Supremo. O que ele vai falar? O que der na cabeça dele”, reclamou.
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— UOL Notícias (@UOLNoticias) February 9, 2024
Durante o encontro com os ministros, ele ainda citou a acusação de seu ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre interferência na Polícia Federal e a obrigação de ter que divulgar o vídeo de uma reunião, de abril de 2020. “Foi uma reunião reservada e, infelizmente, fomos obrigados a divulgar a fita. Se a gente não divulga, iam falar que estávamos escondendo provas da Justiça”, afirmou.
Sobre a gravação da reunião golpista de julho de 2022, ele disse não estar preocupado com uma eventual exposição de suas declarações. “Aqui, se for gravado, problema meu se for divulgado ou não”, completou.
O vídeo da reunião ministerial foi encontrado no computador de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. O conteúdo foi utilizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para autorizar operação da Polícia Federal contra o ex-presidente e seus aliados.
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