
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na segunda-feira (22) que o uso de Tylenol durante a gravidez poderia estar associado a um risco elevado de autismo. Segundo ele, a FDA notificará médicos para desaconselhar a prescrição do medicamento em gestantes.
Durante sua fala, o republicano mencionou rumores sobre Cuba: “Quero dizer, há um boato — e não sei se é verdade ou não — de que em Cuba não têm Tylenol porque não têm dinheiro para Tylenol. E que praticamente não têm autismo, certo? Me contem sobre isso”, declarou. No entanto, o autismo existe no país caribenho e é tratado há anos pelo sistema de saúde local.
Trump: People in Cuba can’t afford to buy Tylenol, and they have virtually no autism.
We’re governed by the absolute dumbest people in the world
pic.twitter.com/QjJ1DaVafz— Republicans against Trump (@RpsAgainstTrump) September 22, 2025
Cuba mantém clínicas estatais especializadas em autismo, promove campanhas de conscientização e oferece terapias como natação com golfinhos. A médica Osmara Delgado Sánchez, em entrevista ao site Cubadebate no Dia da Conscientização sobre o Autismo (2 de abril), destacou:
“Cada pessoa autista é única, e seu bem-estar depende de escutar, compreender e caminhar ao seu lado, sabendo que a inclusão não se mede por palavras, mas por abraços que respeitam o silêncio e celebram as diferentes formas de existir”.
Segundo ela, cerca de 300 profissionais atuam em sete centros voltados ao tratamento de autismo, com iniciativas específicas desde 2018. A incidência registrada na ilha é de 0,36 casos a cada 10 mil habitantes, número considerado baixo, mas que especialistas relacionam à limitação de recursos para diagnósticos mais abrangentes.
Em resposta às declarações de Trump, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou que não há consenso científico que relacione o paracetamol, princípio ativo do Tylenol, ao autismo. “As evidências continuam inconsistentes”, afirmou o porta-voz da entidade, Tarik Jasarevic, em coletiva realizada nesta terça-feira (23) em Genebra, na Suíça.
A OMS lembra que, em 2021, cerca de 1 em cada 127 pessoas foi diagnosticada com autismo, mas reconhece que em países de baixa e média renda a prevalência pode estar subnotificada. Apesar da crise econômica, Cuba tem priorizado o tratamento do autismo em seu sistema público, segundo autoridades de saúde da ilha.