VÍDEO – “Vou pegar esse chinês pelo pescoço”: o diálogo secreto em que Doria revela afã de se promover com a Coronavac

Atualizado em 9 de abril de 2021 às 6:56
A Globo teve acesso ao diálogo após gravar trecho da reunião e os funcionários do governo esquecerem de desligar o microfone. Foto: Reprodução/Globoplay

Em reunião no dia 6 de novembro de 2020 com Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, João Doria se revoltou com a negociação do governo paulista com a China pela vacina Coronavac e disparou:

“Vou pegar esse chinês pelo pescoço”.

No diálogo, ele não revela quem é o “chinês” alvo das críticas.

O trecho foi exibido pela TV Globo nesta quinta (8), no primeiro episódio do “Corrida Pelas Vacinas”, documentário do Globoplay.

Eles gravaram um trecho da reunião, com a autorização da assessoria do Governo de São Paulo, mas os participantes esqueceram de desligar o microfone e os jornalistas da Globo captaram a conversa.

No diálogo, João Doria pede celeridade na aquisição da Coronavac para São Paulo, dizendo que está “se expondo politicamente”.

Em momento algum o governador cita as vidas perdidas pela pandemia e a necessidade de salvar o povo da covid.

“Tô gastando meu capital [político] toda semana”, diz ele a Dimas Covas. “Nós estamos gastando 30 milhões de dólares, eu tô me expondo politicamente”, segue.

Ele pede que o diretor do Butantan pressione os negociadores chineses, reclama da exposição política e dos ataques de Bolsonaro e sua corja contra a vacina chinesa:

“Só tem um cara que tá se expondo aqui. Sou eu. Fundamentalmente sou eu. Eu tô no primeiro plano nessa história. Publicamente. Ainda sofrendo ataque do Bolsonaro, bolsominion, bolso não sei do quê. Bando de malucos”.

O governador, já na reunião de novembro, sonhava com o ganho político que teria contra o presidente e o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello:

“Num pacote escrito vacina CoronaVac. É mortal. Não há Anvisa, nem Bolsonaro, nem bolsominion que resista. Então é importante chegar a vacina. Essa imagem, ela é de uma força de pressão política, institucional, de opinião pública, irresistível. Irresistível. Chegou a vacina. E agora, ministro Pazuello? E agora, Bolsonaro, como fica? Agora, sem isso, é o contrário: E agora, governador João Doria? Cadê a vacina?”.

Deu certo.

Após a chegada das vacinas, o governador tem sido chamado até de “presidente moral” do Brasil e é louvado por quem pensa que seus interesses pela vacina foram motivados por algum tipo de empatia.

Assim como usou seu cargo de prefeito para trampolim para o governo de São Paulo, ele tenta usar o papel de governador para virar presidente no próximo ano.

Como sempre, vivendo de marketing.