Yanomami: sob Bolsonaro, mortes por desnutrição cresceram 331%

Atualizado em 17 de fevereiro de 2023 às 12:03
Crianças Yanomami em estado de desnutrição severa. (Foto: Reprodução)

A BBC News, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revelou que durante os quatro anos de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o número de mortes por desnutrição de indígenas da etnia Yanomami aumentou 331% em comparação com os quatro anos anteriores.

Segundo relatório do Ministério da Saúde, entre os anos de 2019 e 2022, 177 indígenas Yanomami morreram por algum tipo de desnutrição, contra 41 mortes nos quatro anos anteriores. Ressalta-se que os dados referentes a 2022 ainda estão sendo contabilizados, por isso o saldo durante o governo Bolsonaro pode ser ainda maior.

Dentre as principais causas do aumento das mortes dos povos originários que vivem na região, as atividades de garimpo ilegal e o desmatamento se destacam.

O governo de Bolsonaro é conhecido por ter afrouxado leis e aprovado medidas que facilitaram a prática de tais atividas. O ex-presidente além de promover apoio aos criminos, agiu durante todo o seu governo com total descaso com os povos da região, negligenciando assitencialismo básico. As ações de Jair culminaram no cenário de total calamidade que os povos indígenas Yanomami vivem hoje.

Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), entrevistado durante a reportagem, relatou que para ele, o aumento nas mortes por desnutrição no território yanomami reflete “um desmonte nas políticas indigenistas no governo Bolsonaro”.

“O governo tinha ciência das coisas que estavam acontecendo lá, não dar assistência e apoio ao povo yanomami foi uma decisão política”, afirmou.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que o aumento no número de mortes por desnutrição entre os yanomami aconteceu ao mesmo tempo em que foi registrado um crescimento no desmatamento da terra indígena.

Entre 2019 e 2022, durante o governo do ex-capitão, foram desmatados 47 quilômetros quadrados de floresta na área, taxa 222% maior do que a registrada nos quatro anos anteriores, quando o desmatamento foi de 14,6 quilômetros quadrados.

“Os yanomami vivem, basicamente, da caça e da pesca. Os garimpos causam desmatamento e destroem os cursos d’água. Dessa forma, a caça fica mais escassa porque os animais fogem e os rios ficam poluídos, especialmente pelo uso do mercúrio durante o processo de extração de ouro”, afirmou Fernanda Simões, coordenadora de nutrição do Instituto Fernando Figueira (IFF), entidade vinculada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Os dados também mostram que os grupos mais afetados pelas mortes por desnutrição foram crianças e idosos. Em 2022, por exemplo, das 41 mortes por desnutrição, 25 foram entre pessoas acima de 60 anos e 11 entre crianças de zero a nove anos de idade.

À face de tais calamidades, o governo do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou estado de emergência em saúde pública na região para acabar com o garimpo ilegal e promover assistência aos povos indígenas da região.

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