2 de outubro não se resume a aceno para a direita, diz Rudá Ricci

Atualizado em 2 de outubro de 2021 às 11:49
O 2 de outubro no Rio de Janeiro
Ato contra Bolsonaro no Rio de Janeiro. Foto: Vitor Vogel/Reprodução

Pelo Twitter, o sociólogo Rudá Ricci afirmou que, ao contrário do que prega a grande imprensa, os atos de 2 de outubro não são um aceno para a direita.

“A grande imprensa destaca que neste 2 de outubro a esquerda acenou para a direita. O velho desejo da imprensa empresarial em domesticar as organizações populares. Não é possível descartar tal intenção, mas o 2 de outubro não se resume a esta intenção de ampla aliança”, avalia.

Ele afirma que o protesto está mais conectado a 2023, após a eleição. “A mudança ocorre em função da derrapagem geral do governo Bolsonaro e da sangria de parte de sua base social e eleitoral”, diz. Para o sociólogo, existe uma “disputa surda” entre a oposição ao presidente, “que vai da 3ª via ao Lulismo”.

“A palavra de ordem ‘Fora Bolsonaro’ perde parte de sua identidade na medida em que até o MBL se apropria dessa bandeira política”. Portanto, alega, há uma competição entre direita e esquerda para liderar manifestações.

“Se o MBL convoca significa que tenta apropriar da mobilização contra Bolsonaro. Caso contrário, é a esquerda”.

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2 de outubro também tem disputa entre terceira via ou Lula

Para Ricci, há outra disputa em curso para a próxima eleição: “terceira via ou Lula”. “Até onde sabemos, parte da direita já pensa em capturar a candidatura de Lula”. Portanto, avalia, os atos estão “no olho da disputa do que será o governo de reconstrução nacional”.

“Sem dizer, o signo do 2 de outubro é: a) quais são os eixos do programa de 2023 e b) quem estará dentro do governo”.

Por fim, o sociólogo avalia que não há uma disputa necessariamente consciente sobre o cenário, mas “não há como fugir”. “Neste momento, o eleito seria Lula. Seu programa de governo está em aberto”.

“Sem um posicionamento claro do campo democrático-popular a respeito de 2023, a captura do próximo governo pela direita parece factível”, finaliza.