5 dias após desaparecimento de jornalista e indigenista, governo não envia Força Nacional ao AM

Atualizado em 10 de junho de 2022 às 12:36
Bruno Pereira e Dom Phillips

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) segue sem enviar soldados da Força Nacional de Segurança ao Vale do Javari (AM), para ajudar a encontrar o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, desaparecidos há cinco dias.

Até agora, não foi deslocado de outros estados nenhum militar do órgão para atuar nas buscas. A administração federal também não decretou Garantia da Lei e da Ordem (GLO), medida que costuma ocorrer em casos que envolvem regiões com pouca estrutura de segurança.

De acordo com militares e especialistas em selva ouvidos pelo Estadão, o número de 250 homens da Marinha, Exército e das polícias federal, civil e bombeiros destacados na operação está abaixo do que o Exército pode mobilizar.

Uma portaria do Diário Oficial autorizou, nesta sexta-feira (10), o envio da Força Nacional para combater crimes ambientais e narcotráfico na região do Médio Solimões. No entanto, a medida não possui nenhuma relação com o desaparecimento, que na região de Alto Solimões. Trata-se de uma operação antipirataria, demandada pelo governo do Amazonas.

Para o fundador do Grupo de Resgate de Montanha (GRM) de Joinville (SC), Sérgio de Oliveira Netto, uma operação do GLO poderia dar mais segurança às buscas.

“A Região Norte, infelizmente, em função de garimpo, do tráfico de drogas, do avanço dessas ondas criminosas, está uma área tomada. Se fosse fazer uma busca lá, eu só me sentiria seguro se realmente tivesse um aparato, um contingente grande dando segurança para as equipes, com tranquilidade, avançarem”, disse ele ao Estadão.

O governo já acionou a Garantia da Lei e da Ordem em outros momentos para agir na região amazônica. Entre maio de 2020 e abril do ano passado, 2.500 membros das Forças Armadas atuaram na GLO e em ações na faixa de fronteira, em terras indígenas e em outros locais nos estados da Amazônia Legal para reprimir o desmatamento ilegal e combater focos de incêndio.