A inelegibilidade de Bolsonaro e a Batalha de Waterloo. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 30 de junho de 2023 às 17:12
Batalha de Waterloo, o conflito que marcou o fim da Era Napoleônica

Carlos Fernandes

Sacramentada a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo TSE por um placar de 5 x 2, convém lembrar sobre as lições que nos deixam a derrota de Napoleão Bonaparte na famosa Batalha de Waterloo que veio, por fim, selar seu destino.

Precedida pelo que ficou conhecida como a Batalha de Ligny onde as tropas francesas de Napoleão derrotaram o exército prussiano sem, no entanto, liquidá-lo de vez, a Batalha de Waterloo se caracterizou por um embate de forças semelhantes, mas com uma ligeira supremacia de sua força bélica por parte dos franceses.

Iniciada a contenda em 18 de junho de 1815 nos arredores de Bruxelas, franceses e ingleses se alternavam em posições mais ou menos favoráveis quando o caldo começou a entornar para os franceses quando o exército prussiano – aquele mesmo a que não foi dado cabo de vez – despontou no horizonte criando duas frentes de batalhas a fustigar Napoleão.

Não deu outra! Por uma manobra astuta do comandante prussiano Gebhard Von Blücher que mesmo derrotado conseguiu enganar o braço das tropas francesas lideradas por Emanuel de Grouchy, a era napoleônica chegava ao fim simplesmente porque um exército enfraquecido foi subestimado.

E o que isso nos diz sobre Jair Bolsonaro?

Que não é porque ele vem de uma série de derrotas políticas e eleitorais que devemos considerá-lo definitivamente como uma carta fora do baralho.

Provado seu crime eleitoral, o Ministro da Justiça Flávio Dino já anunciou que enviará um requerimento à AGU solicitando uma análise jurídica para ação de indenização contra o agora inelegível pelos danos causados ao Poder Judiciário da União e à sociedade como um todo.

Corretíssimo. Mas ainda insuficiente.

Deixar Jair Bolsonaro livre para servir de cabo eleitoral para o bolsonarismo nas eleições de 2024 e 2026 é um erro estratégico gravíssimo que não podemos nos dar ao luxo de cometer.

Até porque seria menos por tática eleitoral do que por justiça propriamente dita que o homem que viu impassível a morte de 700 mil brasileiros por sua direta irresponsabilidade e inépcia precisa pagar penalmente por seus crimes cometidos.

Sob pena de todo o campo de esquerda e progressista serem pegos de surpresa por uma força política mais ou menos inesperada, a inelegibilidade de Jair Bolsonaro não pode ser vista como seu destino final, mas tão somente como uma pequena escala em toda uma jornada infame.

Para que esse país volte de fato a respirar aliviado em relação a determinados cães do fascismo e para que, a exemplo de Napoleão Bonaparte, não sejamos pegos de surpresa em posição indecorosa, só podemos decretar realmente o fim de uma era desastrosa para a política brasileira quando o ora inelegível sentir as grades sendo cerradas às suas costas e passar, ele próprio, a ser também eleitoralmente um… imprestável.

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