“Golpe na extrema-direita”, diz New York Times sobre inelegibilidade de Bolsonaro

Atualizado em 30 de junho de 2023 às 16:56
New York Times diz que inelegibilidade de Bolsonaro é “golpe na extrema-direita”. Foto: Reprodução

O New York Times afirmou que a inelegibilidade de Jair Bolsonaro é um “golpe na extrema-direita” no país. Em texto escrito pelo correspondente no Brasil Jack Nicas, o jornal americano diz que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é uma “repreensão contundente e rápida ao seu esforço para minar as eleições do Brasil”.

O veículo ainda elogia o presidente do tribunal, Alexandre de Moraes, e diz que ele “se tornou um dos homens mais poderosos do Brasil”.

Leia trechos do texto:

Autoridades eleitorais brasileiras impediram na sexta-feira o ex-presidente Jair Bolsonaro de concorrer a cargos públicos até 2030, removendo um dos principais candidatos da próxima disputa presidencial e desferindo um golpe significativo no movimento de extrema-direita do país.

O tribunal eleitoral do Brasil decidiu que Bolsonaro violou as leis eleitorais quando, menos de três meses antes da votação do ano passado, convocou diplomatas ao palácio presidencial e fez alegações infundadas de que os sistemas de votação do país provavelmente seriam manipulados contra ele. (…)

A decisão é uma repreensão contundente e rápida a Bolsonaro e ao seu esforço para minar as eleições do Brasil. Há apenas seis meses, o Bolsonaro era presidente de uma das maiores democracias do mundo. Agora, sua carreira como político está em risco. De acordo com a decisão, Bolsonaro, de 68 anos, poderá concorrer à presidência em 2030, quando tiver 75 anos. (…)

A decisão de sexta-feira também é mais uma prova de que Moraes, presidente do tribunal eleitoral, se tornou um dos homens mais poderosos do Brasil.

Durante a administração de Bolsonaro, Moraes atuou como o controle mais eficaz do poder do presidente, conduzindo investigações sobre Bolsonaro e seus aliados, prendendo alguns de seus apoiadores pelo que considerava ameaças contra as instituições brasileiras e ordenando que empresas de tecnologia removessem os perfis de muitas outras vozes da extrema-direita. (…)

O caso de Bolsonaro perante o tribunal eleitoral resultou de uma reunião de 47 minutos em 18 de julho, na qual ele convocou dezenas de diplomatas estrangeiros à residência presidencial para apresentar o que ele prometeu ser evidência de fraude nas eleições brasileiras anteriores.

Ele fez alegações infundadas de que as urnas eletrônicas do Brasil mudaram cédulas com o nome dele para outros candidatos em uma eleição anterior e que um hacker invadiu em 2018 a rede de computadores do tribunal eleitoral e mostrou que a votação poderia ser fraudada. Mas especialistas em segurança disseram que os hackers nunca poderiam obter acesso às máquinas de votação ou alterar os votos.

O discurso foi transmitido pela rede de televisão do governo brasileiro e suas redes sociais. Mais tarde, algumas empresas de tecnologia retiraram o vídeo do ar porque ele espalhava desinformação sobre as eleições. (…)

Quanto aos planos futuros de Bolsonaro? Ele disse ao jornal brasileiro Folha de S. Paulo que durante os três meses que passou na Flórida, após sua derrota nas eleições, recebeu uma oferta de emprego como “garoto-propaganda” para empresas americanas que desejam atingir os brasileiros.

“Fui a uma lanchonete e estava cheia de gente”, disse ele. “Mas eu não quero abandonar meu país.”

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