A Lava Jato já tem um monumento à vaidade e à estultice: o próprio Dallagnol. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 21 de agosto de 2019 às 9:13
Dallagnol em uma palestra paga pela Unimed em Portaleza

“Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”, nota o Eclesiastes, o livro mais belo e imprescindível do Velho Testamento, atribuído a Salomão.

As presepadas de Deltan Dallagnol se resumem, ao fim e ao cabo, a esse fator humano: sua necessidade patológica de aparecer.

Dallagnol é um jeca deslumbrado. Seu fanatismo se origina do que fato de que não entende uma palavra real do que está na Bíblia, mas quer ser o pastor batista Wesley Safadão. 

Na revelação mais recente da Vaza Jato, ele surge em diálogos defendendo que “precisamos de estratégias de marketing” em grupo de conversa com colegas em maio de 2016.

A ideia era erguer uma espécie de monumento à Lava Jato em Curitiba, escolhido através de concurso.

Escreve ele:

A minha primeira ideia é esta: Algo como dois pilares derrubados e um de pé, que deveriam sustentar uma base do país que está inclinada, derrubada. O pilar de pé simbolizando as instituições da justiça. Os dois derrubados simbolizando sistema político e sistema de justiça…

Um Michelangelo.

Relatou a ideia a Moro:

Isso virará marco na cidade, ponto turístico, pano de fundo de reportagens e ajudará todos a lembrar que é preciso ir além… Posso contar com seu apoio?

Nem o então juiz topou:

Não é melhor esperar acabar?

Sem noção, Deltan não se deu por vencido:

Eu apostaria que tão somente a existência do concurso já será matéria de jornal, estimulará o debate sobre reformas, e frisaremos na proposta do concurso das esculturas a necessidade de reformas e que elas simbolizem as reformas necessárias…

Que diabo é “ir além”? Até onde??

Moro lembrou o óbvio em matéria de promoção: deveria “vir de terceiros”.

É aquele velho mandamento de qualquer manual de propaganda segundo o qual é sempre melhor um elogio de outro ao próprio.

Deltan precisa ser lembrado do óbvio porque não o enxerga.

Essas conversas intermináveis, as palestras, as entrevistas, dão a certeza de que o Luan Santana da força tarefa simplesmente não trabalhava.

Ou melhor, sua obra em progresso era o culto à própria personalidade.

Deltan queria um monumento à Lava Jato, sendo que ela já tinha: ele mesmo e seu ego gigantesco.

“Até quando o tolo vai pelo caminho, falta-lhe o seu entendimento e diz a todos que é tolo”. Está lá no Eclesiastes.

Não há nada de novo sob o sol.