‘A mais nobre expressão de tudo que é nobre no conservadorismo’

Atualizado em 26 de maio de 2013 às 16:55
Burke

De Jabor a Reinaldo Azevedo, de Merval Pereira a Ali Kamel, os colunistas conservadores brasileiros deveriam ser obrigados a ler Edmund Burke. Ler, interpretar, discutir – e sobretudo aprender com ele.

Burke foi um filósofo político britânico.

Em 1790, ele publicou suas célebres “Reflexões sobre a Revolução Francesa”, nascidas de uma troca de correspondência entre ele e um francês. Como escreveu alguém, ali estava “a mais nobre expressão de tudo que é nobre no conservadorismo”.

Burke apoiara a independência americana, mas viu com reprovação a Revolução Francesa. Ele enxergava nela apenas destruição – de direitos, de propriedade e até de cavalheirismo. Burke se indignava, por exemplo, com o tratamento dispensado à Rainha Maria Antonieta e aos delfins. Em outros tempos, segundo ele, “10 000 espadas” se ergueriam imediatamente para defendê-los de insultos. “Acabou a era do cavalheirismo”, afirmou.

Uma nação que despreza os grandes personagens de seu passado, como era o caso da França naqueles dias, acaba desprezando a si própria, argumjentava Burke.

Burke não teve tempo de ver que se tratava, na verdade, de uma destruição criativa. Morreu em 1797, antes que as conquistas modernizadoras da Revolução ficassem claras.

Suas “Reflexões” foram a base intelectual em cima da qual as forças conservadoras da Europa se uniram contra a França.

Burke não gritava, ao contrário do que fazem colunistas conservadores brasileiros como Jabor ou Reinaldo de Azevedo. Defendia idéias com elegância, firmeza e, por isso mesmo, com um extraordinário poder de persuasão.

O conservadorismo como doutrina é um contraponto fundamental à compulsão de reinventar as coisas sempre, de desfazer regras estabelecidas e trocá-las por outras. É uma pena que as vozes conservadoras entre os colunistas do Brasil não tenham, em sua maioria, o vigor, a classe, a clareza de Edmund Burke.