A receita de Lula para acabar com a guerra na Ucrânia, exposta na Time

Atualizado em 4 de maio de 2022 às 14:05
Imagem da capa da revista Time com Lula estampado.
Lula capa da revista Time. Imagem: Reprodução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi capa da revista Time nesta quarta-feira (04), falou para a publicação estadunidense o que teria feito, caso fosse presidente, em relação à guerra envolvendo Ucrânia, OTAN, Estados Unidos e Rússia. A posição adotada pelo petista foi de não culpar apenas a Rússia pelo conflito, posicionamento que é endossado por diversos especialistas no assunto.

De acordo com Lula, os responsáveis pela guerra são os Estados Unidos, a União Europeia, a Rússia e também a própria Ucrânia. “Zelensky quis a guerra”, disse ele. “Se ele (não) quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz”, afirmou Lula.

O ex-presidente do Brasil prosseguiu na análise e apresentou uma “receita” que poderia acabar com o conflito no leste europeu. Veja abaixo trechos da entrevista que Lula deu à Time.

“É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo (ao confronto)! Você fica estimulando o cara (Zelensky) e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: ‘Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer’. E dizer para o Putin: ‘Ô, Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar!'”, disse Lula.

“Nós, políticos, colhemos aquilo que nós plantamos. Se eu planto fraternidade, solidariedade, concórdia, eu vou colher coisa boa. Mas se eu planto discórdia, eu vou colher desavenças. Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a OTAN? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na OTAN’. Estaria resolvido o problema”, pontuou o petista.

“Eu, se fosse presidente hoje, teria ligado para o Biden, teria ligado para o Putin, para a Alemanha, para o Macron, porque a guerra não é saída. Eu acho que o problema é que, se a gente não tentar, a gente não resolve. É preciso tentar. Os Estados Unidos têm um peso muito grande e ele poderia evitar isso, e não estimular. Poderia ter falado mais, poderia ter participado mais, o Biden poderia ter pegado um avião e descido em Moscou para conversar com o Putin. É esta atitude que se espera de um líder. Que ele tenha interferência para que as coisas não aconteçam de forma atabalhoada. E eu acho que ele não fez”, analisou Lula.

“Da mesma forma que os americanos convenceram os russos a não colocar mísseis em Cuba em 1961, o Biden poderia falar: ‘Vamos conversar um pouco mais. Nós não queremos a Ucrânia na OTAN, ponto'”, lembrou o ex-presidente. “Deixa eu lhe contar uma coisa: se eu fosse presidente da República e me oferecessem ‘o Brasil pode entrar na OTAN’, eu não ia querer”, afirmou.

Sobre um possível próximo mandato como presidente, Lula projeta: “É o fato de o Brasil ser um país de paz que vai lhe fazer restabelecer a relação que nós criamos de 2003 a 2010. O Brasil vai virar protagonista internacional, porque a gente vai provar que é possível ter um mundo melhor”, finalizou.

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