A “terceira via” se transformou na grande muleta da via errada. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 16 de setembro de 2022 às 9:46
Candidatos à Presidência: Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB)
Foto: Montagem/Reprodução

Por Carlos Fernandes

A nova pesquisa Datafolha trouxe um cenário de plena estabilidade na corrida eleitoral. Há dezessete dias das eleições, o ex-presidente Lula demonstra uma resiliência impressionante com 45% das intenções dos votos mantidos numericamente desde as últimas três pesquisas.

Já Bolsonaro apresentou uma oscilação negativa de 1 ponto percentual que piora ainda mais a sua situação, uma vez que mesmo após todos os inúmeros esforços e o relativo sucesso de público no 7 de setembro, mais do que não ganhar nenhum voto, apresentou um perigoso viés de baixa.

Para quem pensa em reeleição é mais um balde de água fria que cai sobre sua campanha. Sobretudo quando se soma a tudo a oscilação positiva de sua rejeição que passou dos já proibitivos 51% para 53%.

Cristalizadas, de toda forma, as intenções de votos dos dois únicos concorrentes de fato, todos os olhos se voltam para o chamado “voto útil” que será o fiel da balança que decidirá se a frente ampla formada ao redor do ex-presidente Lula imporá uma grandiosa derrota eleitoral e política a Jair Bolsonaro já no primeiro turno ou se o país ainda dará uma sobrevida ao inquestionavelmente pior presidente de toda nossa história republicana.

Ninguém ignora a imensa diferença existente entre uma coisa e outra.

Ganhar de Jair Bolsonaro no primeiro turno é dar uma resposta à barbárie instaurada nesses quase 4 anos de completo desgoverno. É mostrar solidariedade às 700 mil vítimas fatais da COVID criminosamente impulsionada pelo descaso bolsonarista. É dar um alento às milhões de famílias que estão passando fome neste exato momento. É se compadecer com quem simplesmente não tem onde morar. É, enfim, dá um basta definitivo a esse verdadeiro estado de terror, violência, ódio e intolerância insuflado e orientado por um presidente declaradamente misógino, machista, truculento, corrupto, racista e preconceituoso.

Por outro lado, estender essas eleições para um segundo turno é correr um risco incalculável de golpe a reboque seja da contestação do resultado, seja da aplicação da força com consequências imprevisíveis. É condenar à morte mais pessoas inocentes a exemplo do que já aconteceu no Paraná e no Mato Grosso. É oferecer a um presidente reconhecidamente miliciano mais 4 longas semanas para fraudar, mentir, ludibriar e ameaçar eleitores sob toda sorte de crimes e ilegalidades.

Diferenças postas e comparadas, vencer, pois, um sujeito como Bolsonaro nessa eleição diferente de todas as demais já no primeiro turno seria a saída mais rápida, lógica, segura e aceitável sob todos os pontos de vista se não fosse por um único: o da chamada “terceira via”.

Incontestes rejeitados pela imensa maioria do povo brasileiro, os postulantes hoje da “terceira via”, longe de oferecerem ao povo brasileiro uma outra alternativa qualquer aos dois líderes isolados da corrida presidencial, estão servindo tão somente como a muleta de apoio que está garantindo a Jair Bolsonaro os votos que a ele próprio faltam para cruzar a linha de chegada que o assegura na segunda volta das eleições.

Nesses termos e no exato oposto daquilo que um dia sonharam ser, ambos, Ciro Gomes e Simone Tebet, estão se prestando a um serviço que pelas mais do que específicas forças das circunstâncias é digno apenas de verdadeiros traidores da pátria.

Completamente cientes que não possuem a mínima chance que seja de sequer ameaçar o segundo colocado nas pesquisas, manter suas candidaturas atende única e exclusivamente aos interesses de Bolsonaro, justamente o candidato que dizem reconhecer como o menos democrático de todos.

Em tempos normais de plena democracia, toda e qualquer candidatura seria uma expressão plena de nossa pluralidade de ideias e propostas. Mas diante do que estamos vivendo e sob à luz dos números, a chamada “terceira via” nada mais é do que a grande muleta para a única via realmente errada.

Resta saber se os seus (ainda) eleitores estão realmente dispostos a trilhá-la.

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