“Abin paralela” de Bolsonaro dá atestado de idoneidade a Lula

Atualizado em 26 de janeiro de 2024 às 0:48
Lula e Jair Bolsonaro durante debate nas eleições de 2022. Foto: Reprodução

A Polícia Federal deflagrou, na quinta-feira (25), uma operação contra o ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem, em virtude de um suposto monitoramento ilegal realizado pelo órgão por meio de um software capaz de vigiar políticos, jornalistas, advogados e opositores de Bolsonaro.

De acordo com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, estima-se que cerca de 30 mil cidadãos brasileiros tenham sido alvo de monitoramento ilegal pela Agência Brasileira de Informações (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

Quando se trata de adversários de Bolsonaro, o primeiro nome que vem à mente é o de Luiz Inácio Lula da Silva, e não sem razão. O atual presidente era o único capaz de derrotá-lo, como ficou comprovado nas urnas.

Pois bem, nem mesmo a máquina de espionagem montada pelo clã então instalado no poder conseguiu encontrar algo que pudesse manchar o seu inimigo público número 1.

Mesmo utilizando o software israelense FirstMile e tendo acesso a todos os dados fornecidos pelo Governo Federal à sua agência de inteligência, nada foi encontrado.

Ex-diretor geral da Abin, Alexandre Ramagem e ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Valter Campanato/EBC

Qualquer irregularidade teria sido amplamente divulgada pelos canais de comunicação da extrema-direita, seja pelas redes sociais, seja por seus veículos de imprensa, que vão desde os órgãos da chamada “imprensa tradicional” até órgãos completamente identificados com o golpismo.

É importante lembrar que, mesmo diante da desigualdade de armas proporcionada por esse uso indiscriminado da máquina pública, o bolsonarismo ainda não se equiparou ao lavajatismo, que, diante da falta de fatos, criou uma série de ilações respaldadas em “provas” que hoje sabemos terem sido fabricadas para prender seus opositores políticos.

Revelações como as trazidas por essa operação ampliam a dimensão da derrota sofrida pelo bolsonarismo em 2022. Os esquemas que vão sendo revelados eram feitos tão à luz do dia que certamente nenhum de seus participantes acreditavam que um segundo mandato não viria e, com ele, um golpe que os perpetuaria no poder.

Apesar de todos os males causados por esse esquema, que a Polícia Federal começou a desmantelar hoje, incluindo os possíveis obstáculos impostos à investigação do caso Marielle, há um efeito colateral indesejado pelos seus idealizadores: ele confere a Lula e aos petistas um inegável atestado de idoneidade.

Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link