“Abin paralela”: documento que tenta ligar Moraes e Gilmar ao PCC tem dois parágrafos

Atualizado em 7 de março de 2024 às 12:06
Os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Foto: Pedro Ladeira

A afirmação da Polícia Federal (PF) sobre o suposto esquema de espionagem ilegal do governo Bolsonaro, tentando vincular os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes à facção criminosa PCC, baseia-se na interpretação de dois parágrafos especulativos de um documento encontrado na sede da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), conforme informações da Folha de S.Paulo.

O arquivo, que fazia parte de uma investigação da Abin iniciada em agosto de 2019 sobre o suposto uso de uma entidade pelo PCC e pelo Comando Vermelho, contém uma série de informações pessoais, profissionais e políticas sobre a advogada Nicole Giamberardino Fabre e o Instituto Anjos da Liberdade.

Segundo a agência na época, criminosos estariam utilizando a ONG e a advogada para influenciar políticos e magistrados a derrubar, no STF, a medida do Ministério da Justiça que estipulou restrições às visitas nos presídios federais, a portaria 157.

Em um trecho do texto, atribuído a um computador ligado ao deputado federal Gilberto Nascimento (PSD-SP), é mencionada a nomeação de André Ribeiro Giamberardino, primo de Nicole, para a chefia de gabinete do então Ministério da Segurança Pública.

“Precisa verificar se a nomeação do sr. André Ribeiro Giamberardino foi no período do ministro Alexandre de Moraes, que teve muita vinculação com lideranças do PCC.”

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Fachada da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, em Brasília. Foto: Reprodução/Abin

No entanto, uma simples consulta pública ao Diário Oficial da União (DOU) mostra que André foi nomeado em 2 de julho de 2018 e exonerado em 19 de dezembro do mesmo ano. Moraes já havia deixado o Ministério da Justiça mais de um ano antes, assumindo a cadeira no STF em março de 2017.

A citação a Gilmar Mendes, feita em parágrafos posteriores, é para afirmar que Nicole tem outro primo ligado a uma advogada cujo escritório estaria “umbilicalmente ligado a Gilmar”. “Prestar atenção a esta conexão”, limita-se a dizer o texto.

Além disso, a PF afirma que os arquivos apreendidos na sede da Abin mostram uma “gravidade ímpar” e especula que “o desvirtuamento da diligência no sentido de tentar vincular a imagem do excelentíssimo ministro-relator [Moraes] e demais deputados pode ter sido reação em razão das ações realizadas no cumprimento de seu mister constitucional”.

Vale destacar que a Abin está sob investigação da PF desde março do ano passado, quando surgiu a informação de que a gestão bolsonarista usou o software FirstMile para investigar ilegalmente adversários políticos. O inquérito já resultou em duas operações com prisões e buscas e apreensões, uma em outubro e a mais recente em janeiro.

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