É possível comparar a ingerência indireta dos Estados Unidos na Ucrânia com os protestos ocorridos no Brasil a partir de 2013, que culminaram no impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), alegou Andrew Korybko, analista político estadunidense baseado em Moscou.
“O Brasil e a Ucrânia foram ambos vitimados pelas guerras híbridas dirigidas pelos Estados Unidos com o objetivo de fortalecer a hegemonia unipolar norte-americana”, disse ele, em entrevista ao UOL.
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Mas não é só. Korybko define ainda tanto as ações dos EUA, por meio das chamadas “guerras híbridas”, como a expansão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Leste Europeu, como catalisadoras do conflito Rússia-Ucrânia.
Em outras palavras, as manobras dos EUA na Ucrânia levaram “essas forças de extrema-direita ao poder, as quais ameaçaram a minoria russa indígena [povos originários que habitam a região de Donbass devido à ideologia fascista das novas autoridades, que glorificam aqueles que colaboraram com a Alemanha nazista”.
Segundo o analista, guerras híbridas são uma combinação de “revoluções coloridas” (que são incitações populares) com guerras não convencionais, entre os quais podemos citar ataques cibernéticos, contendas judiciais e retaliações econômicas.
O objetivo final, no entanto, seria o mesmo de uma guerra tradicional: substituir governos que não estejam alinhados aos interesses dos EUA.
De acordo com ele, no Brasil, a guerra híbrida teria se concentrado, principalmente, no chamado ‘lawfare’. Ou seja, na manipulação de instrumentos legais, a fim de remover seu governo multipolar democraticamente eleito e legítimo.
Já na Ucrânia, a estratégia foi organizada com base no que chama de “terrorismo urbano de extrema-direita”, conhecido hoje como a Revolução Colorida.
Andrew Korybko é um jornalista, analista de geopolítica russo, conselheiro do Strategic Studies and Predictions. Seu livro publicado em português Guerra Híbrida: das revoluções coloridas aos golpes aborda justamente os elementos que levaram às quarta geração e revoluções coloridas. A obra analisa ainda a proliferação do uso das redes sociais e disseminação das fake news.
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