Após denúncia do DCM, PDT enviará caso de vereador golpista para comissão de ética

Atualizado em 14 de janeiro de 2023 às 14:47
Vanirto Conrad, vereador pelo PDT em Santa Catarina, será julgado pela comissão de ética da sigla após denúncia do DCM. Foto: Câmara Municipal de São Miguel do Oeste

O DCM noticiou com exclusividade, em novembro, que o vereador filiado ao PDT, Vanirto Conrad, estava sendo apontado pela Polícia Civil de Santa Catarina como um dos líderes locais das manifestações antidemocráticas de bolsonaristas no Estado. Na quinta-feira (12), o Diretório Estadual do PDT afirmou à nossa reportagem que incluirá o caso do parlamentar na comissão de ética, prevista para a próxima semana, onde será possível, inclusive, sua expulsão da sigla. Vanirto é presidente da Câmara Municipal de São Miguel do Oeste-SC e apareceu em um relatório como sendo um dos líderes dos atos que não aceitam a vitória de Lula (PT).

Após o segundo turno das eleições, militantes de extrema-direita passaram a se manifestar contra o resultado democrático das urnas. Todo o clima de golpismo desembocou no ataque de vandalismo contra os prédios das instituições federais, em Brasília, no dia 08 de janeiro. Já em novembro do ano passado, a Polícia Civil de Santa Catarina elaborou um relatório onde listou “supostos líderes/organizadores dos atos”, pessoas que “exerciam influência sobre os demais manifestantes”.

Políticos, empresários e militantes apareceram no documento. O nome de Vanirto Conrad chamou a atenção pelo fato do seu partido, o PDT, ter sido oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PL), ser de centro-esquerda e participar do governo Lula, comandando o ministério da Previdência Social. O DCM, ao fazer a denúncia sobre o parlamentar, procurou o Diretório Estadual da sigla. Na época, o PDT catarinense afirmou que estava encaminhando para a comissão de ética os membros que apoiaram Bolsonaro nas eleições e que, até a reportagem do DCM, ainda não sabia do caso de Vanirto. “O partido fechou questão em apoiar o Lula no segundo turno. Qualquer posição que contraria essa decisão é passível de punição por desobediência partidária. Tendo provas, vamos pedir a expulsão”, disse ao DCM, em novembro, o ex-ministro do Trabalho e presidente da sigla em Santa Catarina, Manoel Dias.

Na quinta-feira (12), entramos em contato novamente com o partido para acompanhar o caso. O Secretário-Geral do PDT no Estado, Everton Wan-Dall, afirmou que acompanha a situação e que a denúncia sobre o vereador será encaminhada para a comissão de ética já na próxima semana. “Essa comissão foi designada após o segundo turno e instaurará os devidos processos disciplinares para apurar as condutas resguardando o amplo direito de defesa de todos”, afirmou Wan-Dall. Ele disse que há outras denúncias de desobediência partidária, registradas no período eleitoral.

Vanirto é filiado ao PDT pelo menos desde 1996 e está no seu quarto mandato, tendo sido eleito para o parlamento municipal em 2000, 2012, 2016 e 2020. São Miguel do Oeste, cidade em que o pedetista preside a Câmara, tem cerca de 40 mil habitantes, é um município no extremo oeste do Estado, localizado a 600 quilômetros de Florianópolis. A cidade ficou famosa no país quando, no final de 2022, bolsonaristas que realizavam um protesto fizeram o gesto da saudação nazista “Sieg Heil”, em frente a uma base do Exército.

O relatório com as investigações da Polícia Civil em que os nomes de “supostos líderes/organizadores dos atos” estão elencados foi enviado para o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda no ano passado. Também foram apontados como líderes em Santa Catarina: Valnir Camilo Scharnoski (do PL, também vereador em São Miguel do Oeste), Wuillian Lanza (se candidatou pelo PSDB em 2020), Luis Cesar Fuck (empresário de erva mate), Francisco Dalmora Burgardt (conhecido como “Chicão Caminhoneiro”), Odair Breier, Rodrigo Cadoré, Itamar Schons, André Júnior Bello, Oelivir José Luzzi e Everton Marques.

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