Após escândalo das joias, Petrobras vai investigar venda de refinaria para fundo árabe

Atualizado em 15 de março de 2023 às 20:31
Refinaria Landulpho Alves, na Bahia. Foto: Reprodução

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou nesta quarta-feira (15) que a nova direção da Petrobras pretende abrir uma investigação interna para apurar possível relação entre a venda da refinaria Landulpho Alves (RLAM) para o grupo Mubadala Capital, um fundo de investimentos de Abu Dhabi, e as joias sauditas.

A estatal aguardará a troca do Conselho de Administração e a posse da nova diretoria para iniciar as apurações a partir de abril, quando será realizada assembleia de acionistas da companhia.

A venda da RLAM, atual refinaria Mataripe, na Bahia, foi concluída em dezembro de 2021. A venda ocorreu alguns dias após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retornar de uma viagem ao Oriente Médio.

A operação foi fechada com o pagamento de R$ 10 bilhões para a Petrobras. No entanto, segundo cálculos estimados pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o valor recebido pela venda era muito abaixo do mercado, já que a refinaria valia entre R$ 17 bilhões e R$ 21 bilhões.

Em outubro do mesmo ano, um assessor do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou trazer ilegalmente um conjunto de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões ao Brasil. Os itens eram presentes do governo da Arábia Saudita a então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Michelle Bolsonaro, joias sauditas e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

“A intenção do novo comando da Petrobras de apurar o caso da venda da RLAM vai ao encontro de demanda da FUP, que, na semana passada, encaminhou denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) para que investigue possível favorecimento ao Mubadala em troca de diamantes”, destaca o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Bacelar ainda afirma que, além do baixo preço, há elementos que justifiquem a abertura de apuração interna da Petrobrás e do Ministério Público Federal (MPF). “A operação é suspeita, a começar pela proximidade das datas do recebimento do presente (26 de outubro de 2021) e a venda da refinaria subavaliada (negócio anunciado no dia 30 de novembro de 2021)”, alegou o dirigente da FUP.

Na noite da última terça-feira (14), Bolsonaro usou as redes sociais para falar sobre a venda da refinaria. Segundo o ex-chefe do Executivo, o Tribunal de Contas da União (TCU) acompanhou e aprovou a venda da RLAM.

“O TCU acompanhou e aprovou a venda da refinaria da Bahia aos árabes”, escreveu Bolsonaro no Twitter. “A direção petista da Petrobras desconfia, sem um mínimo de provas, do TCU e Rei árabe. Isso é péssimo para nossa política externa e nossas instituições”, acrescentou.

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