Depois do vexame que impôs ao presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, em sua recente visita ao Brasil, o governo Bolsonaro conseguiu piorar as relações com mais um país, a França. A declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, em congresso com empresários na semana passada repercutiu como uma “polêmica” na imprensa francesa.
“Polêmica França-Brasil: ministro da economia brasileira julga a França ‘insignificante’”, destaca o jornal Le Figaro. “O ministro da Economia do Brasil Paulo Guedes afirmou que a França está se tornando ‘insignificante’, ameaçando contornar o mercado francês se Paris não parar de criticar o desmatamento na Amazônia”.
“Paulo Guedes, ministro chave do governo do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, colocou no mesmo plano o incêndio da Catedral de Notre Dame de Paris e os que destroem a Amazônia”.
“Em 2019, Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron trocaram farpas em relação aos incêndios na Amazônia, com o presidente brasileiro acusando seu homologo francês de ameaçar a ‘soberania’ do Brasil ao criticar sua política ambiental. Paulo Guedes botou lenha na fogueira declarando que a primeira-dama Brigitte Macron era ‘muito feia’”. A declaração também foi lembrada pelo jornal Le Parisien, que disse que Guedes usa “linguajar pouco cortês”.
“O ministro da Economia do Brasil Paulo Guedes reincidiu terça-feira com declarações pouco agradáveis sobre a França”, disse o periódico parisiense.
A declaração também repercutiu no Sud-Ouest, um dos principais jornais regionais franceses, e foi chamada de “ataque frontal do ministro brasileiro da Economia contra a França” pela rádio Europe 1.
“Paulo Guedes está acostumado a fazer declarações estrondosas e mais ou menos deslocadas”, disse uma das editorialistas da rádio conservadora. “Uma provocação, na linguagem diplomática”, disse seu colega de bancada. “Paulo Guedes escolheu não escolheu uma linguagem diplomática”, disse o 20 Minutes.
Procurado pelo DCM, o governo francês ainda não se manifestou sobre os comentários do ministro brasileiro.