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Por Luis Felipe Miguel
Eu, como sempre ingênuo, achei que Bolsonaro ia surfar no sucesso da vacinação.
Boicotou o quanto pôde. É diretamente responsável pelo atraso no cronograma e pela existência de tantos bolsões negacionistas que resistem a se vacinar, assim como é diretamente responsável pelo nosso registro de 600 mil mortes.
Mas faz parte da lógica política mais básica usurpar os louros depois que a conquista está dada. E tudo indica que caminhamos para uma vitória sobre a pandemia.
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Só que Bolsonaro não desiste
Lançou sua nova cartada, com a cumplicidade do ministro da Saúde, para tumultuar a vacinação, que finalmente está chegando nos adolescentes.
Tem algum cálculo político nisso? Certamente. Mas não é um cálculo razoável para alguém que, segundo dizem tantos comentaristas da imprensa, agora se resignou a não dar novo golpe e quer se reeleger no ano que vem.
Talvez Bolsonaro seja, como escreve agora um colunista da Folha que ajudou a elegê-lo em 2018, “perverso, demente e incapaz”. Ou talvez não haja tanta demência em sua perversidade e ele esteja, de novo, apostando na mobilização de sua militância minoritária, mas disposta a tudo.