Físico Giorgio Parisi é o típico professor universitário dos velhos tempos: cabelos desarrumados, a mesa um tanto caótica e uma genuína curiosidade no outro, sobretudo se o outro provém de uma cultura como a brasileira, país no qual tem imensa admiração por causa do forró, estilo que dança, e por escritores como João Guimarães Rosa. Ele conversou com a BBC Brasil.
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Nobel fala de Bolsonaro
“Conheço bem a situação brasileira. Lamento muito a eleição de Jair Bolsonaro. (…) E lamento muito a situação da pandemia, o aumento da pobreza… (…) Ter Bolsonaro como presidente, durante a pandemia, foi uma das piores coisas que poderiam acontecer com o Brasil. Espero muito que ele seja chutado do cargo”.
Aos 73 anos, Parisi acaba de ganhar o prêmio Nobel de física ao lado de dois cientistas especializados no clima, o norte-americano de origem japonesa Syukuro Manabe, de 90 anos, e o alemão Klaus Hasselmann, de 89.
Além de uma medalha de ouro, a metade do prêmio de 986 mil euros — cerca de R$ 6,2 milhões — ficará com o italiano, enquanto o restante será dividido entre Manebe e Hasselmann.
“Jamais esperava ser premiado junto com dois climáticos. O Nobel mostra que física e clima são duas coisas diversas, mas que há qualquer relação entre os dois”, afirmou Parisi. “O planeta Terra é um sistema complexo, talvez muito mais complexo do que conhecemos, exatamente por contemplar tudo dentro de si. Todo o desenvolvimento do mundo, os sistemas ecológicos, é um sistema complexo”.
Os sistemas complexos e o caos atmosférico são objetos de pesquisa de Parisi desde o final dos anos 1970. As décadas de estudo e algumas descobertas deram ao cientista o Nobel, conforme indicado pela academia sueca. “Não há nada mais fascinante do que encontrar uma ordem no caos”, comenta.