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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos desde o dia 30 de dezembro, após ser derrotado nas eleições para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), será palestrante em um evento do Turning Point USA (TUPSA). No ano passado, um encontro promovido pelo mesmo grupo, na Flórida, foi palco de manifestações neonazistas.
Em uma sequência de publicações no Twitter, a pesquisadora Michele Prado, autora dos livros “Tempestade Ideológica” e “Red Pill – Radicalização e Extremismo”, falou sobre o caso. Ela lembrou que um grupo extremista fez uma passeata durante o encontro do grupo conservador em 2022. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL) era um dos convidados do evento.
O fundador do movimento Turning Point USA, Charlie Kirk, anunciou na terça-feira (31) que o ex-presidente do Brasil realizará a palestra na próxima sexta-feira (3). Fundado em 2012, o TUPSA é um movimento autodeclarado nacionalista-cristão e atua com foco em universidades e escolas, tendo como base uma ampla disseminação das teorias conspiratórias que regem a extrema-direita.
Quando ocorreram as manifestações no ano passado, Kirk sugeriu que os nazistas do lado de fora do evento eram democratas pagos tentando desacreditar a sua organização. “Quero saber quem são essas pessoas. Eles são realmente nazistas ou agitadores democratas pagos? Pretendo descobrir”, escreveu em seu perfil no Twitter.
“Apesar de não se declarar como nacionalista branco, são muitos os indivíduos supremacistas brancos e nacionalistas brancos que participam de seus eventos”, afirma Michele Prado sobre Charlie Kirk.
Leia na íntegra o texto da pesquisadora:
Se lembram da cena abominável ocorrida ano passado na Flórida durante um evento do Turning Point USA (TUPSA) quando, na porta do evento, neonazistas agitaram bandeiras com suástica e outros símbolos nazistas?
É num evento do TUPSA a primeira palestra de Jair Bolsonaro nos EUA.
O fundador desse movimento, Turning Point USA, Charlie Kirk, anunciou ontem que Jair Bolsonaro será palestrante no dia 3/02.
No episódio do ano passado, que contou com piquet de neonazistas na porta de entrada, Eduardo Bolsonaro era um dos convidados do evento.
O TUPSA, fundado em 2012 pelo Charlie Kirk, atua com foco em universidades e escolas e tem como base uma ampla disseminação das teorias conspiratórias que regem o imaginário da far-right transnacional.
Criaram um projeto que forneceu inspiração a algo semelhante aqui no Brasil: “Professor Watchlist” para expor e documentar professores universitários que discriminam estudantes conservadores e promovem propaganda esquerdista em sala de aula”. Pensou no Escola sem partido? Pensou certo.
Kirk comanda hoje uma estrutura milionária, e ano passado lançou até uma “academia” (aqui no Brasil o MBL também lançou uma).
Apesar de não se declarar como nacionalista branco, são muitos os indivíduos supremacistas brancos e nacionalistas brancos que participam de seus eventos.
A cena das suásticas no evento do TUPSA no ano passado não foi, portanto, apenas uma coincidência infeliz. São os apitos de cachorro eficazes, conforme detalhou nesse excelente artigo o dr. Thomas Lecaque.
“Dentro do salão de convenções, o TPUSA recebeu muitos palestrantes cujas visões de extrema-direita e desdém pelo mainstream político americano se sobrepõem de forma preocupante com as visões odiosas dos que agitam a suástica fora do salão.”
“Lá estava Eduardo Bolsonaro. Seu pai, Jair Bolsonaro, é o presidente de extrema direita do Brasil, supervisionando o que cada vez mais parece um regime fascista”.
O TUPSA é um movimento autodeclarado nacionalista-cristão. Para eles, a separação entre o poder temporal e o poder espiritual precisa acabar. Não por acaso, atrai desde integralistas católicos a dominionistas como apoiadores frequentes e ferozes muitas vezes.
Kirk foi um dos influencers da far-right a encorajar que houvesse represalia ao FBI e democratas depois que houve a busca na propriedade de Trump. Como sabem, um escritório do FBI foi atacado e o marido de Nancy Peloso sofreu uma tentativa de homicídio dentro de casa dias depois.
Kirk defendeu o agressor do marido de Nancy Pelosi.
Bolsonaro, ex-presidente e futuro presidiário no Brasil se Justiça houver, inicia sua carreira de palestrante internacional na organização que neonazistas adoram.
Quem poderia imaginar, não é mesmo?
Se lembram da cena abominável ocorrida ano passado na Flórida durante um evento do Turning Point USA (TUPSA) quando, na porta do evento, neonazistas agitaram bandeiras com suástica e outros símbolos nazistas?
É num evento do TUPSA a primeira palestra de Jair Bolsonaro nos EUA. pic.twitter.com/ttZMk4Chgq— Michele Prado (@MichelePradoBa) February 1, 2023