Depois de tanto ameaçar o Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro agora diz que “a chance de um golpe é zero”. Ele afirmou que existe vontade de golpe pela “oposição”, citando os mais de 100 pedidos de impeachment.
“Não tem golpe sem vice e sem povo. O vice é que renegocia a divisão dos ministérios. E o povo que dá a tranquilidade para o político voltar”, afirmou à VEJA. Ele diz que não há nenhuma acusação contra ele e aponta uma suposta conspiração da oposição.
Apesar do derretimento de sua popularidade, o mandatário segue dizendo que “tem o povo ao seu lado”.
“A não ser que tenha algo de concreto, pegou uma conta minha na Suíça, aí é diferente. Não tenho nada. Desligo o aquecimento da piscina, não uso cartão corporativo, não pedi aposentadoria na Câmara, não dou motivo. Estamos há dois anos e meio sem um caso de corrupção”, diz.
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“Pretendo disputar”, diz Bolsonaro sobre 2022
Depois de dar sinais de que desistiria de 2022, o presidente confirmou que, “se não for crime eleitoral”, vai disputar a eleição. Institutos mostram que o mais provável é que ele seja derrotado por Lula. Mesmo assim, ele insiste na narrativa: “Pesquisa é uma coisa, realidade é outra”. Questionado se o petista “é um adversário preferencial”, o presidente disse não dar “bola para isso”.
Apesar de ter sido eleito seis vezes com urna eletrônica (cinco como deputado e uma como presidente), ele insiste na narrativa do voto impresso. “Por que os bancos investem dezenas de milhões para cada vez mais evitar que hackers entrem e façam um estrago em seu banco? A tecnologia muda. O que estou pedindo? Transparência”.
Mesmo assim, diz que não vai “melar” as eleições: “Olha só: vai ter eleição, não vou melar, fique tranquilo, vai ter eleição”.
O mandatário já disse que o Supremo soltou o ex-presidente e não aprovou o voto impresso para elegê-lo na fraude, e agora segue com a narrativa:
“Se o Lula está tão bem, como diz o Datafolha, por que não garantir a eleição dele com o voto impresso?”
“Não sou Jairzinho paz e amor”
Depois do 7 de setembro, o presidente arregou para o STF. Ele diz que foi um tentativa de “acalmar tudo”.
“Não sou o Jairzinho paz e amor, mas a idade dá certa maturidade. Depois das manifestações de 7 de setembro, houve a reação do STF. Teve o telefonema do Temer, ele falou para mim: ‘O que a gente pode fazer para dar uma acalmada?’. Respondi que o que eu mais queria era acalmar tudo”.
Após as críticas de seus apoiadores pelo recuo, ele diz que não queria “chutar o pau da barraca”. “Extrapolei em algumas coisas que falei, mas tudo bem”, diz. “Queriam que eu fizesse algo fora das quatro linhas. E nós temos instrumentos dentro das quatro linhas para conduzir o Brasil”, prossegue.