Bolsonaro recebeu convite de Netanyahu logo após Israel considerar Lula “persona non grata”

Atualizado em 28 de março de 2024 às 15:22
Benjamin Netanyahu e Jair Bolsonaro, ambos denunciados por genocídio. Foto: Menahem Kahana/Pool via Reuters

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convidou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para visitar Israel em uma carta datada de 26 de fevereiro de 2024. O convite foi feito uma semana após o presidente Lula (PT) ser declarado “persona non grata” por comparar o genocídio de palestinos na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus na Segunda Guerra.

Na última semana, dias antes da revelação de que Bolsonaro dormiu duas noites na embaixada da Hungria durante o carnaval, ele pediu a devolução de seu passaporte ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para aceitar o convite do líder israelense.

Na carta, obtida pela GloboNews, Netanyahu agradeceu o “apoio inabalável” de Bolsonaro a Israel em âmbitos internacionais e mencionou que as relações entre os dois países “atingiram novos patamares” durante o mandato do atual presidente brasileiro.

O gesto de Bolsonaro em exibir a bandeira de Israel durante um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, também foi notado por Netanyahu. Durante seu mandato, o ex-presidente manifestou interesse em mudar a embaixada brasileira para Jerusalém, contrariando um consenso na comunidade internacional, que prefere manter a cidade sagrada tanto para muçulmanos quanto judeus longe de discussões políticas.

Bolsonaro e Benjamin Netanyahu. Foto: Menahem Kahana/Pool via REUTERS

O passaporte de Bolsonaro foi apreendido pela Polícia Federal (PF) na operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro. Junto com o pedido de devolução, o ex-presidente anexou o convite assinado por Netanyahu para uma visita ao país entre os dias 14 e 18 de maio.

No entanto, a possibilidade de Moraes atender ao pedido já era praticamente nula antes das 36 horas na embaixada húngara, e agora é ainda mais difícil.

Vale destacar que o ex-presidente afirmou em sua defesa a Moraes, na última quarta-feira (27), que não tinha receio de ser preso quando permaneceu na embaixada húngara, em Brasília, e que considera “ilógico” pensar em uma tentativa de fuga.

Segundo documento encaminhado pela defesa de Bolsonaro, não existia temor de que o ex-mandatário fosse detido e por isso precisasse fugir.

Leia a carta de Netanyahu a Bolsonaro:

Prezado sr. Bolsonaro,

Espero que esta carta o encontre bem. Gostaria de expressar meu apreço pelo seu contínuo e veemente apoio ao Estado de Israel.

Ontem, você demonstrou sua solidariedade com o povo e o Estado de Israel, orgulhosamente empunhando a bandeira de Israel em um comício em São Paulo. Isso foi uma clara e moralmente sólida rejeição às acusações ultrajantes do seu sucessor contra as operações das Forças de Defesa de Israel em Gaza.

Durante o seu mandato como Presidente do Brasil, as relações entre nossos dois países atingiram novos patamares. Guardo lembranças muito queridas da minha viagem ao Brasil e gostei muito de me encontrar com você.

Sua verdadeira amizade para com Israel foi firmemente expressa ao longo de seu mandato, tanto em palavras quanto em ações, incluindo seu apoio inabalável a Israel em arenas internacionais. Sua amizade é ainda mais importante durante tempos de crise e guerra, e por isso convido você e sua família a visitar Israel para demonstrar sua solidariedade com o povo de Israel.

Espero vê-lo em breve”.

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