Caco Antibes, Paulo Guedes e a falta que fará a integridade de Claudia Jimenez. Por Fernando Miller

Atualizado em 20 de agosto de 2022 às 10:24
Claudia Jimenez e Caco Antibes. Foro: Reprodução

A atriz Claudia Jimenez, que morreu hoje aos 63 anos no Rio de Janeiro, foi a intérprete de um dos personagens mais icônicos da TV brasileira nos anos 1990. A emprega Edileuza, em Sai de Baixo, era a antítese de tudo que se via sobre serviçais na mídia: irônica, desbocada e sempre disposta a enfrentar seus patrões, em especial Caco Antibes, interpretado pelo ator Miguel Falabella.

Caco era a personificação de um elitismo que, na época, embora já existisse, ainda não havia saído do armário. Falava abertamente de seu ódio aos pobres e do orgulho de suas origens nórdicas. Ele não hesitava em chamar a personagem de Jimenez de gorda, pobre, subdesenvolvida e outros adjetivos que ressaltassem sua diferença de classe.

O personagem de Falabella foi, mais tarde, comparado a Paulo Guedes após o ministro da Economia comentar que empregadas domésticas estavam indo para Miami e fazendo “uma festa danada”. Na ocasião, ele foi instado a comentar o fato: “Caco Antibes é um personagem psicótico da ficção, que representa o que há de pior na elite brasielira. Ser comparado a ele deveria ser uma vergonha pro ministro. Uma vergonha.”

Anos depois, com a ascenção do bolsonarismo, observou-se que o elitismo de Caco Antibes chegou ao poder.

O grau de acidez dos diálogos entre ambos no programa humorístico deixou mágoas na atriz, que em 2018 recusou-se a participar da filmagem do longa-metragem baseado na série por não conseguir assimilar o grau de agressividade contra sua personagem: “Eu era ingênua na época. Agora, achei que tinha virado a página, mas, não, não superei”, afirmou a artista na época à Patrícia Kogut.

A integridade de Claudia Jimenez fará muita falta ao mundo artístico.