Caminhoneiros falam em “facada” e prometem nova greve contra aumento dos combustíveis

Atualizado em 10 de março de 2022 às 14:56
Greve de caminhoneiros
Greve de caminhoneiros em 2018

Com o novo aumento de preços dos combustíveis no Brasil, lideranças dos caminhoneiros estão organizando protestos contra os reajustes. De acordo com o deputado federal Nereu Crispim(União-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, a categoria levou uma “facada” do governo Bolsonaro. “Foi uma facada. O clima nas estradas é o pior possível”, afirmou Crispim ao Valor Econômico.

Um dos principais líderes da greve realizada em 2018, Wanderlei Alves, o Dedeco, disse à jornalista Mônica Bergamo que pretende “parar o país”. “Os caminhoneiros autônomos e os empresários de transporte têm que se unir e parar o país. Ninguém vai aguentar. As transportadoras que têm 500, mil caminhões, com milhares de funcionários para pagar, vão quebrar”, afirmou.

Outro líder da greve dos caminhoneiros, Wallace Landim, o Chorão, que comanda a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), afirmou ao Valor estar “arrependido” de ter apoiado o presidente. “Apoiei o Bolsonaro, fiz campanha para ele, e de graça. Recebi a comenda do mérito de Mauá, o maior mérito do transporte que existe no Brasil, pelos serviços prestados ao transporte. E, com toda sinceridade, não trabalho mais para ele, não voto nele. Tudo o que prometeu pra nós, ele não cumpriu”, lamentou.

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“Caminhoneiros não estão mais com Bolsonaro”

O deputado Nereu Crispim afirmou que os caminhoneiros estão enfurecidos com a demora do governo na definição de um mecanismo para amortecer a disparada internacional do petróleo. Segundo ele, o grupo não apoia mais Bolsonaro.

“A categoria não está mais com o presidente, mas seria oportunismo desestabilizar a economia neste momento de guerra lá fora. Precisamos de serenidade e estamos confiantes na Justiça”, disse ele.

A situação é de “desespero”, segundo o líder Chorão. “Está todo mundo chocado, é uma situação de desespero, agora é questão de sobrevivência. Quem mais vai pagar a conta é o caminhoneiro autônomo”, declarou.

“As transportadoras vão repassar, ninguém vai trabalhar no vermelho. Mas é hora do pobre e da classe média acordarem. Eles precisam se mobilizar. O tomate é o caminhão que leva, o leite é o caminhão que leva, vai tudo rebater no preço do supermercado.”

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Davi Nogueira
Davi tem 25 anos, é editor e repórter do DCM, pesquisador do Datafolha e bacharel em sociologia pela FESPSP, além de guitarrista nas horas vagas.