Campanha de Bruno Covas contra Boulos baixou tanto o nível que parece orientada por marqueteiro bolsonarista

Atualizado em 18 de novembro de 2020 às 7:23
Ricardo Tripoli e Bruno Covas

A primeira pesquisa divulgada sobre o segundo turno em São Paulo dá vantagem a Bruno Covas, candidato do PSDB em São Paulo. Ele tem 60% contra 40%.

A pesquisa é da Instituto Real Time Big Data/CNN Brasil e foi feita por telefone, o que recomenda cautela sobre a sua fidedignidade.

Talvez isso explique a baixaria por parte dos aliados de Covas, que faz o papel do tira bom cercado de tiras maus. Ontem, por exemplo, o ex-deputado federal Ricardo Tripoli disse que Boulos seria capaz de matar a mãe para ir a um baile de órfãos.

A fala foi ao lado de Bruno Covas, em evento de campanha. O candidato à reeleição ficou quieto, mas depois mandou mensagem a Boulos para se desculpar.

Claro que foi jogo combinado.

Candidato de Doria, que abandonou São Paulo para cuidar de seu projeto politico pessoal, Bruno Covas tem uma campanha voltada não a enaltecer seus feitos, inexistentes, mas a incentivar a rejeição a Boulos.

Aí é que entra a doutrina da “mamadeira de piroca” ou “kit gay”.

Há um vídeo que a campanha de Bruno Covas espalhou que mente sobre a participação de Boulos em protestos, tentando associá-lo a vandalismo, e também à sua origem familiar.

Filho de médicos e professores universitários, ele é apresentado como de uma família milionária.

Nada mais falso.

O pai de Boulos, médico infectologista, se desloca pela cidade de ônibus. Como usam a própria régua para medir adversários, tucanos são incapazes de aceitar que um filho de classe média opte por viver na periferia, como um morador de periferia.

A última dessa turma é uma mensagem que circula por WhatsApp, que apresenta Boulos como autor de um projeto de poder gestado nos corredores da USP — ou nos dormitórios do Conjunto Residencial da universidade (o Crusp).

Também diz que as ocupação do movimento dos sem teto é encenação, como se um diretor do Projac ajudasse Boulos a construir um enredo.

Por fim, diz que Boulos é o novo Hitler.

Um delírio, mas que pode colar num eleitor que só espera um argumento (ainda que desconectado da realidade) para votar no candidato de João Doria.

Leia o texto, mas é melhor conter o riso, e avaliar que há um tipo de receptor da mensagem que acredita nessas bobagens. Considere também que é só o começo:

“Precisamos ter cuidado extraordinário com o Boulos.

Ele é formado pela USP. Filho de um médico muito competente e prof universitário. Parece que a mãe ou tia são formadas no Largo. Origem na classe A. Estudou nos USA. Fala inglês quase sem sotaque.

Mudou-se para Campo Limpo para poder se apresentar como homem da periferia. Fala bem. Imita o Lula no olhar, na barba. Criou uma narrativa de si mesmo como líder popular. Inventou um movimento Sem Teto de 12 militantes que produz a impressão de milhares de participantes.

Verdadeira produção cinematográfica. As tendas dos sem teto pertencem a ele. São numeradas e mantidas em um armazém em Diadema junto com pilhas de colchões e fogões velhos que são colocados nas barracas para compor o cenário. Os sem teto, recrutados entre os moradores de rua, são trazidos de ônibus para a ocupação.Comem de graça e pouquíssimos ficam mais do que dois dias.

Na ocupação existe trabalho. A maioria não gosta . Para manter o fluxo dos ocupantes tem um carro de som que percorre os bairros adjacentes oferendo terreno de graça e convidando as pessoas para comer de graça e reservar um terreno. Os vizinhos acorrem porque supõe se tratar de um grande negócio : terreno baratinho. A noite, a invasão fica bem vazia. Sobram uns poucos moradores de rua. Fazem fogueiras e dos milhares de ocupantes sobram uns 15 que passam a noite bebendo . A cachaça é por conta da casa.

A televisão é chamada para cobrir a invasão. Chega na hora do almoço, gratuito, quando tem gente e no fim de semana.Pedem para trazerem as crianças. Nos dias da semana os ocupantes(???) tiram as crianças da escola, avisam que é para participarem de uma ocupação. A televisão é conivente. Os repórteres percebem a encenação de tudo e não contam. Os professores também. Uns e outros embora não sejam militantes de ocupações tem simpatia pela causa das pessoas sem teto e, pelo Boulos. Uma encenação bem montada por um profissional competente, com uma narrativa articulada, um discurso de «  fake news », falando das maravilhas de Cuba e da Venezuela.

Os militantes sindicais do PT tem clara visão da montagem, Mas o Lula absorveu o Boulos e fez o PT apoiá-lo. Ele tem obsessão pelo poder. Nenhum comedimento. É bem inteligente e, portanto, extremamente perigoso como um Hitler ou um Mussolini, com um discurso de esquerda. É a cara da nova geração universitária paulista. Mais um estelionato a caminho!”