O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse em sua delação premiada com a Polícia Federal (PF) que recebeu ordens diretas do ex-presidente para confeccionar certificados falsos de vacina contra a Covid-19. A informação foi divulgada pelo colunista Aguirre Talento, do UOL, nesta segunda-feira (23).
Em um dos depoimentos prestados à PF como parte de seu acordo de colaboração, Cid confessou sua participação no esquema e relatou que providenciou os documentos falsos por meio de aliados.
O tenente-coronel afirmou que imprimiu os certificados falsos em nome de Bolsonaro e de sua filha mais nova, Laura Bolsonaro. Cid ainda disse que entregou os documentos em mãos ao então presidente.
Os dados falsos das vacinas de Bolsonaro e Laura foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde em 21 de dezembro do ano passado por funcionários da Prefeitura de Duque de Caxias.
Procurado, o advogado Fábio Wajngarten negou a acusação. “Eu garanto que o presidente nunca pediu nem pra ele, nem para a filha dele. Até porque o mundo inteiro conhece a posição dele sobre as vacinas, e o visto dele, como presidente da República, não necessitava de comprovante de vacina”, alegou o ex-secretário de Comunicação no governo Bolsonaro.
“A filha menor de idade também não tinha necessidade, razão pela qual não fez qualquer pedido ao tenente-coronel Mauro Cid sobre os certificados”, acrescentou.
O relato de Cid contradiz a versão apresentada por Bolsonaro à Polícia Federal. Em maio, o ex-chefe do Executivo disse desconhecer o esquema e que não teria orientado fraudes em cartão de vacinação para seu uso próprio ou de familiares.